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Dicas de filmes, livros e mais – Agosto 2025

Agosto chegou, e com ele uma nova oportunidade de renovar ideias, repensar práticas e se inspirar com conteúdos que fortalecem quem atua no terceiro setor. Selecionamos livros, filmes, podcasts e séries que abordam temas essenciais como justiça social, inovação, gestão, equidade e transformação coletiva.

Confira a seleção e compartilhe com sua rede!

Livro

Como mudar o mundo

Autor:John-Paul Flintoff

Em Como mudar o mundo, o jornalista e ativista John-Paul Flintoff mostra que qualquer pessoa — com recursos limitados, ideias simples e muita vontade — pode provocar mudanças significativas na sociedade. Com uma linguagem leve e direta, o autor compartilha histórias inspiradoras de gente comum que decidiu agir diante de injustiças, crises ambientais e desigualdades sociais.

Flintoff desafia a ideia de que só grandes líderes ou ONGs estruturadas têm o poder de transformar o mundo. Pelo contrário: pequenas ações cotidianas, quando guiadas por propósito e consistência, podem desencadear grandes transformações. O livro também propõe reflexões práticas sobre responsabilidade individual, engajamento comunitário e criatividade como motor de mudança.

Uma leitura rápida, provocadora e otimista, perfeita para quem quer fazer a diferença — seja dentro de uma organização, em sua comunidade ou na própria rotina.

Saiba mais

 

Filme

Privacidade Hackeada (2019)

Direção: Jehane Noujaim e Karim Amer
Disponível na Netflix 

O documentário investiga o escândalo envolvendo a Cambridge Analytica e o Facebook, revelando como dados pessoais de milhões de usuários foram coletados e utilizados para influenciar eleições e campanhas políticas nos Estados Unidos e no Reino Unido.

Por meio das narrativas de um professor que busca recuperar seus dados hackeados, uma ex-funcionária da empresa e a jornalista investigativa que denunciou o caso, o filme expõe os mecanismos de microtargeting e manipulação psicológica em massa. A partir dessas histórias entrelaçadas, a produção mostra o impacto do uso indevido de dados pessoais na política contemporânea.

O documentário vai além da denúncia: convida a uma profunda reflexão sobre a vulnerabilidade digital, os limites da democracia e a urgência de repensar políticas de privacidade e direitos humanos na era da informação

Série

Explicando

Explicando é uma série documental da Netflix, produzida em parceria com a Vox Media, que se propõe a abordar com clareza e profundidade os temas mais relevantes da atualidade. Cada episódio, com duração média entre 16 e 26 minutos, mergulha em um assunto distinto — como desigualdade salarial, criptomoedas, saúde mental, K-pop, dietas da moda, astrologia ou monogamia — e os apresenta de forma acessível e instigante, com base em entrevistas com especialistas e dados atualizados. A proposta da série é simples, mas poderosa: educar com dinamismo, sem abrir mão do rigor jornalístico. A linguagem visual moderna, inspirada no estilo ágil das redes sociais, torna os episódios visualmente atraentes e didáticos. Além disso, a narração muda a cada episódio, o que traz variedade e mantém o interesse do público.

Podcast

Tá captando? com Daiane Dultra

Apresentado por Daiane Dultra, diretora da Painá, o Tá, Captando? é um podcast que mergulha nos temas mais atuais da captação de recursos, com conversas leves e profundas com convidados e convidadas que vivem o dia a dia do terceiro setor.

Parte de um projeto maior de democratização do conhecimento, o podcast busca tornar a captação mais acessível e inovadora, apoiando organizações sociais que buscam fortalecer sua sustentabilidade e autonomia financeira.

Ideal para quem quer aprender, se atualizar e transformar suas práticas de mobilização de recursos.

Ouça o podcast: https://open.spotify.com/show/7gdGoe4LYUCdlZa7d4xbfQ

Plataforma de Patrocínios Claro

A Claro apoia iniciativas que geram valor para a sociedade e promovem conexões por meio da cultura, do esporte, da inovação e dos negócios. O objetivo é contribuir para experiências que impactam o presente e ajudam a construir o futuro.

Onde a Claro atua:

  • Cultura: eventos como shows, festivais, cinema, teatro, gastronomia e cultura pop.

  • Esporte: tênis, automobilismo, e-sports, corridas de rua e futebol.

  • Inovação & Negócios: ações de empreendedorismo, inclusão digital e sustentabilidade.

Acesse o link e saiba mais: https://www.claro.com.br/institucional/patrocinios

Pesquisa Doação Brasil 2024 – IDIS

Conheça os resultados da 4ª edição da maior pesquisa nacional sobre hábitos de doação, coordenada pelo IDIS e realizada pela Ipsos. Este ano, o estudo traz um capítulo inédito sobre doações emergenciais, revelando tendências e comportamentos que moldam a cultura de doação no país.

Você sabia?

  • 78% dos brasileiros doaram em 2024
  • 43% doaram dinheiro para ONGs, campanhas ou grupos organizados
  • 49% já deixaram de fazer doação porque viram alguma notícia negativa
  • 50% doaram para situações emergenciais

📖 A publicação completa está disponível em: https://pesquisadoacaobrasil.org.br/

 

 

Artigo Observatório do Terceiro Setor: ‘Faça o que eu digo e o que eu faço’: boas práticas, mesmo para pequenas OSCs

No universo do terceiro setor, adotar boas práticas de governança, transparência e sustentabilidade não é apenas uma questão ética, mas uma forma de garantir a confiança e o resultado duradouro da organização. Muitas práticas são acessíveis e podem ser adotadas mesmo por OSCs pequenas, que buscam aprimorar sua gestão e atuar de forma responsável. A seguir, compartilho algumas dessas práticas que, no Phi, temos adotado com sucesso. Espero que seja uma boa forma de inspirar outras organizações a fazerem não só o que eu digo, mas também o que eu faço.

Governança e Transparência: Uma boa governança começa com uma estrutura clara e eficaz. No Instituto Phi, sabemos que prestar contas de forma clara e acessível é crucial para manter a confiança de doadores, beneficiários e da sociedade. Por isso, além de uma governança bem definida, contratamos uma auditoria externa para revisar nossas demonstrações contábeis. Disponibilizamos nossos relatórios anuais, balanços financeiros e auditorias de forma pública e acessível em nossa página de Transparência, para garantir que qualquer pessoa possa acompanhar como gerenciamos os recursos recebidos. Se ainda não tem recursos para essa contratação, que tal tentar se candidatar em alguns programas pro bono de empresas de auditoria?

Compliance, a integridade em ação: Para uma gestão responsável, é essencial ter mecanismos que garantam a integridade das operações e a identificação de riscos potenciais. No Instituto Phi, criamos uma área de compliance e política anticorrupção em nosso site com um Canal de denúncias, permitindo que funcionários, parceiros e até mesmo a comunidade possam reportar de forma anônima qualquer situação de fraude, corrupção, assédio ou discriminação. Contamos com um Comitê de Ética formado por membros internos e externos para garantir imparcialidade nas análises e ações relacionadas a essas denúncias.

Integrar o Pacto Global: Em 2024, o Instituto Phi se uniu ao Pacto Global da ONU, um movimento que visa alinhar operações às melhores práticas globais em direitos humanos, trabalho, meio ambiente e anticorrupção. Ao ingressar no Pacto, o Instituto se compromete a reportar anualmente seus progressos em relação aos 10 Princípios Universais, incentivando a evolução constante e a adoção de práticas cada vez mais responsáveis e sustentáveis. As organizações que quiserem fazer parte do Pacto Global podem encontrar mais informações em pactoglobal.org.br.

Reduzir o consumo e reciclar: Reduzir o desperdício e promover a reciclagem não é apenas uma tendência, mas uma necessidade para preservar os recursos naturais. No Instituto Phi, adotamos práticas simples, como a parceria com o Ciclo Orgânico, um negócio social que coleta resíduos orgânicos do nosso escritório e os transforma em adubo para o solo. A cada semana, recebemos um novo balde vazio, enquanto o balde cheio de resíduos orgânicos é levado para compostagem, contribuindo para a redução de lixo em aterros.

Compensando o impacto ambiental: Reconhecemos que até mesmo as operações mais sustentáveis têm impacto no meio ambiente, especialmente quando se trata das emissões de carbono. No Instituto Phi, compensamos as nossas emissões adquirindo créditos de carbono por meio da plataforma Compensa, que calcula a pegada ecológica do nosso escritório. Escolhemos um projeto de reflorestamento na Amazônia para neutralizar nossas emissões, contribuindo ativamente para a preservação ambiental.

Luiza Serpa é fundadora e diretora executiva do Phi e colunista mensal do Observatório do Terceiro Setor, onde escreve sobre filantropias ativas. Este artigo foi originalmente publicado no Observatório do Terceiro Setor. Você pode conferi-lo na íntegra no site do Observatório: https://observatorio3setor.org.br/faca-o-que-eu-digo-e-o-que-eu-faco-boas-praticas-mesmo-para-pequenas-oscs/

 

Em entrevista para a Revista Agora, Luiza Serpa fala sobre o presente e futuro da filantropia

Luiza Serpa, fundadora e diretora executiva do Instituto Phi, foi destaque na edição de julho da Revista Agora, da Ago Social. Na entrevista, ela compartilhou reflexões sobre o presente e o futuro da filantropia. Confira!

O PRESENTE E O FUTURO DA FILANTROPIA
Com Luiza Serpa
Por Fabíola Melo

 

Luiza Serpa fala sobre os desafios da cultura de doação no Brasil e o amadurecimento do setor

Há mais de uma década realizando um trabalho indispensável de interlocução entre doadores, investidores e projetos sociais, o Instituto Phi atua hoje a partir da ideia de “filantropia ativa”, um termo que representa uma filantropia buscando encontrar novos caminhos para trazer mais gente para perto, que pode ser surpreendida e tentar cobrir lacunas que existem. O que se representa também no papel do Phi, que une o que cria soluções sociais e metodologias com o que viabiliza esses recursos e os impulsiona.

Nesta entrevista, Luiza Serpa, fundadora e diretora do Instituto Phi, reflete sobre o amadurecimento da cultura da doação no Brasil, os desafios e a sustentabilidade no terceiro setor e se considera otimista para o futuro.

Ao longo de onze anos, quais certezas se consolidaram para você a respeito da geração de impacto?
O que eu gosto sempre de dizer é que já sabia, mas agora consigo comprovar: dentro do setor, a maioria é de pessoas boas, tentando fazer o melhor possível dentro de cada realidade. Essa constatação é muito importante para não haver nenhuma dúvida quanto à importância e à capacidade das organizações sociais no Brasil. A gente está falando de lideranças comunitárias que conseguem fazer muito com muito pouco. Imagine se essas pessoas tivessem mais oportunidades, o potencial seria ainda maior. Outra certeza é de que a relação muito próxima que nós temos com os projetos é a melhor forma de fortalecê-los. Além disso, precisamos deixar que eles mostrem quais são os caminhos (em vez de chegarmos com uma receita pronta) e estarmos ali para dar suporte.

Quais mudanças significativas na filantropia você percebeu nesses últimos anos? Podemos dizer que a cultura de doação amadureceu no Brasil?
Sim, de forma mais lenta do que gostaríamos, mas acredito que sim. Nós falamos muito mais dessas temáticas hoje do que se falava há dez anos. Vejo evolução até mesmo pelos números do Phi: ao longo do tempo, o crescimento de doadores e do valor financeiro mostra que mais gente está se importando e buscando caminhos. Outro fato é que o setor vem se profissionalizando e se consolidando. E ainda, temos o fato de que muitos empresários já entendem que não dá mais para ficar de fora da conversa. Eu acredito também que as novas gerações começam a influenciar as decisões dos negócios, da família, e estão preocupadas se haverá futuro. Sem contar no milhões de mulheres nessa transição! Portanto, eu confio nessa mudança de mãos do dinheiro.

Quais você considera os maiores obstáculos para a filantropia hoje no Brasil?
O primeiro é o egoísmo do ser humano, de maneira geral. Talvez um grande medo de escassez, o que faz com que, mesmo tendo muito, a pessoa continue acumulando. Essa é uma grande barreira, essa falta de consciência a respeito dos danos causados pela desigualdade absurda em que vivemos. Tudo isso foi historicamente construído, causando um enorme distanciamento do senso de coletividade. Vai da educação, é questão de consciência e valores pessoais (eu gasto no final de semana uma fortuna em uma garrafa de vinho, mas o mesmo valor para outra coisa, acho demais). Outra questão é que não temos leis no país que incentivem a doação. Mas, se de fato, a gente estivesse preocupado com isso, essas leis seriam criadas. Uma sociedade que se preocupe e queira uma mudança vai criar os ambientes favoráveis para isso, assim como algumas coisas já avançaram nesse sentido.

Quais tendências você acredita que vão marcar o futuro da filantropia e do investimento social privado no Brasil?
As doações coletivas podem ser uma tendência — quando grupos se juntam para doar a alguma causa ou projeto específico. Também estamos avançando muito para a filantropia baseada em confiança, reduzindo a burocracia e a sobrecarga para uma organização social prestar contas. No Phi, passamos muito tempo repensando esse formato para reduzir um pouco essa carga. A mudança de geração que está vindo também deve trazer novas tendências. Outro fator são as emergências ligadas às mudanças climáticas. A consciência coletiva de que elas mudam completamente um determinado lugar e afetam a todos pode ser um caminho. Acredito, ainda, que as pequenas e médias empresas também passarão a doar, percebendo que não são somente as grandes corporações que podem fazer isso. Por fim, tem uma tendência de que outras organizações semelhantes comecem a se aproximar, também propondo novos formatos de atuação e colaboração.

Como aproximar a filantropia e o investimento social privado da construção de modelos de sustentabilidade para as organizações sociais?
Essa é uma discussão antiga, mas acredito que também avançamos nessas conversas para entender que uma organização bem estruturada consegue ter melhores resultados. Os apoios pontuais não sustentam ninguém. Essa discussão já se ampliou, o que faz parte da construção de uma filantropia e de uma cultura de doação mais sólida. Havia muito medo de se falar sobre isso, até para não perder a doação completa, e as organizações ainda têm receio e dificuldade de mostrar os custos reais. A gente vive muito isso no Phi: a própria organização vai negligenciando o ideal de custos para ela funcionar bem, porque sente que pode ser uma afronta citar o valor real. Só que os doadores são pessoas que vivem no mundo real e sabem o quanto as coisas custam. Por isso, é muito ruim deixar de ter conversas francas sobre os custos. Falar sobre isso de forma transparente, além de ter esses cálculos de custos bem feitos internamente, são um bom caminho.

Como você vê essas atuações em rede? Qual é a importância dessa prática?

Eu concordo totalmente com o que se diz: que este é o único caminho possível, trabalhar em rede, se fortalecer e fazer juntos. Só que, na hora 

de sentar à mesa para colocar em prática, isso funciona mal. Acontece porque, no final das contas, cada um está olhando para o próprio umbigo, querendo salvar a sua própria organização ou ter uma ideia que se destaque mais. O ego atrapalha a construção coletiva. Muita gente já está mudando essa mentalidade, tentando encontrar pontos comuns para o fortalecimento. É uma turma que tem menos necessidade de palco. Por isso, as colaborações que não aparecem muito, às vezes, são as que mais funcionam.

Para ler essa e outras matérias, acesse: https://conteudo.agosocial.com.br/revista-agora-assinatura-ed-impressa

 

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