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Ressignificando o amor: ‘Decidimos priorizar a doação’, diz casal de doadores

Quando decidiram construir uma vida juntos, há 13 anos, a ceramista Paula Assunção e o gestor financeiro e professor da PUC-Rio Cristiano Barros Barreto descobriram um desejo em comum: fazer filantropia. Em 2014, procuraram o recém-fundado Instituto Phi para fazer um planejamento de filantropia eficiente. Assim, as doações do casal para o Instituto Mundo Novo, organização na Baixada Fluminense que atua na área de educação, completarão 10 anos este ano.

Paula ressalta que muitas pessoas têm a consciência da importância da participação cidadã para a transformação social, mas acabam esperando o “momento certo” e postergando a decisão de se tornar um doador:

“São muitas prioridades que temos na vida, como filhos, trabalho, projetos e viagens, depois vêm as dúvidas sobre para que instituição doar, se realmente haverá impacto social, e tudo isso acaba sendo uma desculpa para adiar. Nessa conversa que eu e Cris tivemos lá no início, decidimos priorizar a doação e realmente abrir mão de algumas coisas pessoais para poder fazer diferença na vida de outras pessoas. Hoje vemos que só ganhamos”.

Paula e Cristiano quiseram desde o início conhecer o Instituto Mundo Novo. A organização, no bairro da Chatuba, do município de Mesquita, tem dois programas-chaves para garantia de direitos: um oferece educação de qualidade em um ambiente lúdico e seguro para crianças de 2 a 6 anos, e outro promove complementação escolar para crianças e adolescentes de 4 a 18 anos.

“A Luiza (Serpa, fundadora do Phi) destacou que nem sempre os doadores querem se envolver presencialmente, mas uma coisa para nós era certa: queríamos participar, não só dar dinheiro. E foi muito surpreendente. O projeto era muito bem estruturado; com dificuldades, mas com muito cuidado com as crianças”, conta Paula.

Paula logo ficou próxima da fundadora do Instituto Mundo Novo, Bianca Simãozinho, e o casal de doadores decidiu custear uma bolsa de estudos de forma anônima para a empreendedora social numa pós-graduação em Gerenciamento de Projetos no Terceiro Setor na Fundação Getúlio Vargas – hoje, Bianca sabe. Paula e Bianca fizeram o curso juntas e a ceramista, que já atuava como voluntária em outro projeto social, começou a fazer trabalhos voluntários também para o Mundo Novo.

“A organização tinha uma logo antiga e eu e Bianca criamos juntas a concepção de uma nova. Criei o Instagram, organizei o programa de apadrinhamento. Depois da pandemia, eu e o Cris decidimos ampliar nossa ajuda social para outras áreas além da educação e chegamos à saúde, com atendimento de fonoaudiologia e psicologia; à moradia, com a reforma inicialmente de quatro casas, e à geração de renda e cidadania, com a continuação do Ateliê Escola, que oferece cursos de empreendedorismo e costura para mulheres. Faz um ano que criamos o Fundo Chatuba e estamos num momento de trazer mais doadores”, conta Paula.

Bianca, do Mundo Novo, diz que, “para quem acredita em fadas e anjos, sim, eles existem”:

“A Paulinha é uma amiga muito especial, uma irmã, um presente para mim. O Instituto Mundo Novo há 10 anos conta com sua doação através do apoio, escuta, atenção e parceria do Instituto Phi, que nos ensinou e nos ensina todos os dias a enxergar nosso potencial, a ir além, a ser organizado e centrado no que realmente importa. Através do Instituto Phi, realizamos sonhos todos os dias, educamos centenas de crianças e famílias, combatemos a pobreza, alimentamos muitas vidas. Ter um olhar diferenciado da equipe Phi foi fundamental para nosso crescimento”.

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De menino ‘difícil’ a atleta paralímpico do tênis de mesa

Em 2018, quando começou a frequentar o contraturno escolar na Associação Semente da Vida – a ASVI, organização apoiada há muitos anos pelo Instituto Phi na Cidade de Deus – Pedro Lucas apresentava muitos desafios. O menino, que tem uma deficiência num braço causada por uma lesão no plexo braquial na hora do nascimento, costumava ser hiperativo e impaciente.

Pedro Lucas havia sido encaminhado à ASVI pela equipe de reabilitação da Rede Sarah, que também o incentivou a participar de treinos de tênis de mesa num clube. Na ASVI, ele participou das fases I e II projeto Restituição Educacional Interativa (REI), que focam na ampliação do repertório de crianças e adolescentes, com reforço escolar, esporte, inclusão digital, cidadania e habilidades socioemocionais.

“Antes de entrar na ASVI, o Pedro havia sofrido bullying por causa de sua deficiência, então era um menino introspectivo, agitado e com baixa autoestima. Ele fazia tratamento para a questão motora, mas tinha muita vergonha. Ao participar do projeto REI, ele foi aprendendo a lidar com as suas questões e se entrosando com outras crianças, o que lhe proporcionou uma sensação de pertencimento”, conta a mãe, Alessandra.

Sua aptidão esportiva, aliada ao ganho de autoestima, o levou a conseguir, na escola onde estuda, uma vaga nas Paralimpíadas Escolares de 2021, e depois novamente em 2022 e 2023. No primeiro e no segundo ano, Pedro conquistou a prata e, no ano passado, conquistou o ouro categoria individual e prata na categoria de duplas.

Essas vitórias não apenas representaram um reconhecimento do talento esportivo dePedro Lucas, mas também simbolizaram a sua capacidade de superar desafios. Hoje, com 15 anos e uma trajetória marcada por uma transformação notável, ele éjovem aprendiz da área administrativa da ASVI, um rapaz muito sorridente e que já sonha com uma vaga nas Paralimpíadas de Los Angeles, em 2028.

Quem financia os custos operacionais de uma ONG?

Quem financia os gastos de aluguel, as campanhas de divulgação ou a compra de softwares de uma ONG? As doações para projetos são importantes, mas é com o investimento nos custos operacionais – aqueles que não são vinculados ao serviço que a organização presta – que ela pode construir uma infraestrutura robusta, inovadora, fundamental para a sua eficácia e, portanto, para cumprir com sua missão. Vamos falar sobre isso? Vem ver a nova edição do Boletim Phi!

Permanência na universidade garantida pela retribuição de ex-alunos

Matheus Avanci saiu de sua cidade natal, no interior de Minas Gerais, no início do ano passado, a caminho do Rio de Janeiro. Foi aprovado em Engenharia Naval na UFRJ e encarou o desafio de vir sozinho para terras cariocas, aos 19 anos. Não seria algo tão surpreendente, se Matheus não fosse de uma família muito humilde. Ele morava numa casa frequentemente atingida por inundações e já viveu num abrigo. Após ser aprovado na federal, o estudante chegou ao Rio com apenas R$ 300 no bolso.

Com tantos desafios – dentre eles, morar num imóvel precário e ter comida na mesa para se alimentar todos os dias – seu desempenho em várias disciplinas ficou comprometido, resultando em reprovação em 3 das 6 matérias cursadas.

Neste momento, ele se candidatou e conquistou uma bolsa do Instituto Reditus, associação formada por alunos e ex-alunos da UFRJ, que formou um fundo patrimonial e utiliza os rendimentos das doações recebidas para apoiar alunos em situação de vulnerabilidade com apoio financeiro, mentoria e edital de financiamento de pesquisas. O Instituto Phi apoia o Instituto Reditus.

Com o auxílio financeiro mensal de R$ 800, suporte de um mentor, eventos de uma rede de apoio, um computador e acesso gratuito a plataformas educacionais, Matheus elevou seu desempenho acadêmico em 74%, alcançando aprovação nas 5 disciplinas cursadas e elevando seu CR para 7.5, comparado ao 4.3 do período anterior.

O projeto do Instituto Reditus tem por objetivo oferecer bolsas a alunos cotistas de baixa renda dos cursos de graduação do Centro de Tecnologia (CT) e Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN), da UFRJ, para apoiar a sua permanência na universidade e incentivar o seu sucesso acadêmico e profissional.

Os benefícios são renováveis ao final de cada período acadêmico, até a conclusão do curso, mediante verificação do cumprimento dos critérios de manutenção da bolsa.

Porque, para além da inserção de estudantes de diferentes origens sociais, é preciso garantir igualdade de oportunidades em sua vivência no ambiente universitário. Reditus é retribuição em latim. Que possamos espalhar a cultura da retribuição no Brasil!

 

Família a gente escolhe, sim, e Mateus escolheu a Amar

Nascido e criado em Piabetá, Rio de Janeiro, Mateus, hoje com 25 anos, foi criado pela avó materna, num lar disfuncional, onde a violência era a forma de comunicação. O menino precisava vender balas no sinal para trazer dinheiro para casa. Não querendo mais viver essa vida, Mateus fugiu para o Centro do Rio e foi morar nas ruas. 

Um dia, quando tinha 12 anos, foi abordado pela equipe da Associação AMAR – organização apoiada pelo Instituto Phi – e levado para a Casa de Acolhida Frei Carmelo Cox. Ele conta que ficou assustado, mas ao mesmo tempo se sentiu acolhido pelo diácono Roberto, pela educadora Márcia e por toda a equipe, como nunca havia se sentido antes.

“Eles me ensinaram a tomar gosto pela escola, a brincar e principalmente a entender a importância de uma família. Fiquei na Casa de Acolhida até os 15 anos, pois tive que ser transferido para o abrigo. Enquanto estava neste abrigo, fui me dedicando aos estudos e comecei a fazer cursos de inglês pela internet, pois sempre tive o sonho de trabalhar no exterior”, conta Mateus.

Ao completar 17 anos, o ex-menino de rua foi reintegrado à casa da avó. Ele não queria voltar, mas o destino quis assim, e Mateus persistiu em busca de seus objetivos. Até que um dia, viu uma proposta de emprego para trabalhar embarcado num navio da empresa MSC Cruzeiros. O principal requisito era saber falar inglês, e ele sabia.

“Fui contratado como auxiliar de cozinha. A partir daí minha vida foi ficando melhor, pois estava criando minha própria independência. Estou há 3 anos na empresa, atualmente como garçom assistente e já visitei diversos países. Sou muito agradecido à Amar, que me ensinou a ser um cidadão de bem e hoje tenho minha família, o Senhor Roberto e a Márcia, que sempre me estenderam a mão quando mais precisei. Alugo uma casa vizinha à AMAR e pretendo um dia conseguir comprar casa por lá, onde vivi os anos mais felizes de minha vida”.

A decolonização da filantropia no combate à desigualdade

Você já ouviu falar sobre “localização” na filantropia? Essa é a pauta do Boletim Phi: a discussão sobre a necessidade de aumentar o investimento para projetos locais, isto é, desenvolvidos pela comunidade afetada pelo problema social que as doações pretendem resolver.

As organizações comunitárias abordam os desafios de controlar a própria narrativa com os atuais mecanismos de financiamento em vigor. Daí, vem outra questão: a necessidade de “descolonizar” ou “decolonizar” a filantropia.

Quem está falando sobre isso? Como podemos praticar a decolonização da filantropia? Acesse o Boletim Phi e saiba mais!

Tratamento odontológico devolve qualidade de vida a rapaz de 16 anos

Viver com dores nos dentes era a realidade de Gabriel, um rapaz de 16 anos, de Campos dos Goytacazes. Ele participava da Obra do Salvador, projeto social que capacita jovens para o primeiro emprego no município. Foi quando a instituição recebeu a visita da equipe da Turma do Bem, organização apoiada pelo Instituto Phi que oferece atendimento odontológico gratuito a crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade. Logo, a vida de Gabriel mudou.

O jovem foi selecionado pela triagem odontológica pois tinha dentes muito estragados por cáries. A mãe, Fabiele, já havia tentado buscar o tratamento pelo SUS.

“Onde eu moro, não tem posto de saúde. Eu tentei levar em um posto vizinho várias vezes, mas não se achava dentista. Cheguei a fazer um orçamento no particular, mas não consegui pagar. Ele sentia muitas dores e nenhum remédio passava”, conta Fabiele, que é faxineira e vive com os três filhos e o marido, que é padrasto dos meninos e está desempregado.

Com o início das consultas odontológicas da Turma do Bem, o menino ficou bastante animado, conta a mãe.

“Ele adorou. Logo nas primeiras consultas, chegou em casa e me mostrou um dente que a doutora recuperou. Estava quebrado, e agora nem parece que tinha nada”.

Gabriel já realizou restauração de dentes, limpeza e um tratamento de canal. Ainda estão previstos outros tratamentos endodônticos para ele.

“Eu não tinha conseguido resolver isso para meu filho. E agora está fazendo um bem danado para ele, e para mim, né? Ver Gabriel feliz, sem dores e com mais autoestima”, comemora Fabiele, contando ainda que agora, com mais qualidade de vida, Gabriel foi selecionado para o Programa Jovem Aprendiz.

Formação integral na infância por um futuro melhor

No sítio de 84 mil m², a 15km do centro do município de Porto Feliz (SP), o Coordenador Administrativo da Associação Monte Carmelo (AMC),  Lucas Moura, de 29 anos, circula entre as 90 crianças matriculadas na organização não-governamental. Ele enxerga um belo futuro para elas, porque já foi uma delas. Foi frequentando as oficinas de virtudes, literatura e jogos cooperativos, as atividades culturais de teatro, coral e timbalata, as aulas na sala de informática e o plantio na horta, que ele pôde descobrir seus talentos. Ali, teve início o sonho de fazer parte daquele trabalho.

Lucas entrou na AMC em 2002, com 7 anos de idade. Seus pais trabalhavam muito – o pai, como padeiro, e a mãe, em casas de família e como manicure – e buscaram um espaço de atividades de contraturno escolar para os três filhos. Contrariando as estatísticas que indicam baixa probabilidade de filhos de pais que não têm diploma alcançarem a formação superior, Lucas é formado em Pedagogia e pós-graduado em Psicopedagogia Institucional. Há 8 meses, é casado com Agnes, psicóloga clínica.

A Associação Monte Carmelo atua dentro dos princípios da Fé Baha´í – que tem como base a paz mundial e a eliminação de todas as formas de preconceito – para a formação da criança e do adolescente, apoiando suas famílias e em parceria com as escolas. Assim, Lucas conta que conheceu as “virtudes humanas”, qualidades que já existem dentro do coração do homem, mas que muitas vezes precisam ser lapidadas, como respeito, responsabilidade, cortesia, justiça, bondade, cooperação e gratidão.​

Confira o depoimento de Lucas sobre a sua trajetória na organização, que atualmente é apoiada pelo Instituto Phi:

“Sempre participei das aulas bahá’ís para crianças e, mais tarde, dos grupos de pré-jovens. Realizei muitos atos de serviço, participei de várias apresentações culturais e até fui conhecer o mar, na cidade de Santos, com a AMC.

Em 2009, completei 14 anos e tive meu último ano como aluno na instituição. Mas, em 2012, quando estava cursando o 3º ano do Ensino Médio, fui convidado para ser estagiário da sala de informática. Ao me formar, em 2013, fui convidado para integrar o quadro de funcionários, sendo contratado pelo regime CLT como monitor de ônibus.

Em 2014 e 2015, cursando a graduação em Pedagogia, atuei como educador de pré-jovens e tive a oportunidade de acompanhá-los até o litoral, compartilhando a experiência de visitar a mesma praia que tinha conhecido através da AMC no ano de 2008. Foi incrível! De 2016 a 2019, fui auxiliar da Coordenadora Pedagógica, que inclusive foi minha professora na AMC logo que fui matriculado. E, em 2020, fui convidado para ser Coordenador Administrativo, meu cargo atual.​

A AMC sempre me incentivou a estudar. Concluí a graduação em dezembro de 2015 – trabalhava de dia na AMC e ia para a faculdade à noite, na cidade vizinha – e, no início de 2016, resolvi cursar pós-graduação em Psicopedagogia Institucional.

Acredito que muitos outros ‘Lucas’ possam ter esta mesma oportunidade que estou tendo até hoje. São 34 anos que a AMC planta sementes na comunidade de Porto Feliz, e, com a contribuição de apoiadores e patrocinadores, esses frutos podem ser colhidos. Posso dizer que sou fruto deste lindo trabalho!”.

As atividades da  Associação Monte Carmelo são voltadas a crianças e adolescentes de 6 a 14 anos. O ônibus da AMC percorre a cidade recolhendo as crianças em 9 escolas da rede municipal de ensino para o contraturno escolar na AMC.

Água limpa para quem precisa: mulheres chefes de família de Jardim Gramacho recebem kit da Água Camelo

Boletim Phi – Especial de Meio Ambiente

Em 2020, a cozinheira Miriam Oliveira e seus dois filhos, então com 11 e 17 anos, finalmente se livraram das dores de estômago e da náusea. Moradores de Jardim Gramacho, em Duque de Caxias (RJ) naquele ano eles receberam um kit de acesso à água tratada startup de impacto ambiental Água Camelo. Até então, eles bebiam água do cano da rua, sem tratamento nenhum para consumo.

Recentemente, Miriam se emocionou ao reencontrar com “os meninos” da Água Camelo, numa ação apoiada pelo Instituto Phi de doação de 20 kits para mulheres chefes de família e catadoras do Programa Jardineiras de Jardim Gramacho, promovido pela ONG ReMAR  (Repensando Mudanças Através dos Resíduos), que visa fortalecer e estimular a cadeia de reciclagem local. A ação aconteceu na sede de outra ONG, o Projeto Gramachinhos, de educação infantil, onde Miriam é cozinheira.

“Conheço a maioria das mulheres, uma delas é minha vizinha. E sei que elas precisam muito do kit, assim como eu precisava”, diz Miriam.

Com capacidade para armazenamento de até 15 litros de água por vez, o Kit Camelo foi desenvolvido observando as quatro etapas necessárias para que uma pessoa, sem cobertura de saneamento básico, possa providenciar para obter água potável: captação, transporte, armazenamento e filtragem.

O kit é composto por uma mochila que filtra a água, eliminando bactérias, protozoários e partículas em suspensão, transformando-a em própria para o consumo, além do manual para pessoas com ou sem facilidade de leitura. A manutenção é feita pelos próprios usuários, sem necessidade de compra de peças. O reencontro de Miriam com a equipe da Água Camelo aconteceu na oficina de capacitação das novas beneficiárias para uso e manutenção do kit.

“Essa é uma das etapas mais importantes da implementação dos kits da Água Camelo. É neste momento que eles aprendem a usar os materiais, bem como a sua manutenção, além das oficinas chamadas de “Wash”, de conscientização sobre consumo consciente da água, saneamento e higiene”, explica o cofundador e diretor de Comunicação e Comunidades da Água Camelo, João Manuel Piedrafita.

Ele lembra que Jardim Gramacho foi o primeiro lugar a receber os Kits Camelo quando a Água Camelo foi criada, em 2020. No bairro funcionou por 35 anos o maior lixão da América Latina, desativado em 2012 com o avanço da legislação ambiental. No entanto, a intervenção do poder público não incluiu a implementação de um plano de reinserção social dos moradores da região, que faziam do lixo sua principal fonte de renda. Além disso, grande parte da população vive sem saneamento básico e energia.

Segundo a ONU, até 2030 a demanda por água deverá aumentar 50% no mundo. Isso num planeta em que cerca de 80% do esgoto produzido pelo homem volta à natureza sem ser tratado. E mais de um terço da população mundial não tem acesso a água tratada – no Brasil, são cerca de 36 milhões de brasileiros, segundo o Instituto Trata Brasil.

Agricultura familiar: os quintais ecoprodutivos implantados em casas de idosos pelo SERTA

Boletim Phi – Especial Meio Ambiente

No quintal de sua casa em Alto José do Pinho, Recife (PE), Dona Solange Lira planta verduras e legumes, como alface, tomate, pimentão, berinjela e couve, mas também temperos e chás – as chamadas “farmácias vivas” –, como hortelã, boldo, coentro, manjericão e louro. Aos 63 anos, ela nem imaginava ter um quintal ecoprodutivo e aprender técnicas de cultivo.

Dona Solange participa do projeto “Bem Viver nos Bairros”, do Serviço de Tecnologia Alternativa – SERTA, que atua em Recife e Região Metropolitana. Além de incentivar o reconhecimento do envelhecimento de forma positiva e saudável, o projeto implementa quintais ecoprodutivos na busca da segurança alimentar da população idosa com o aproveitamento dos espaços de suas casas. Através de um censo, são identificados os idosos em vulnerabilidade social.

Por causa da diabete e da pressão alta, ter uma alimentação mais natural tem sido muito bom para Dona Solange. Mais que isso, todo o atendimento que recebe no SERTA – psicológico, fisioterápico, aulas de dança e música, além das visitas da educadora social Cláudia, que cuida da transicão agroecológica, ajudaram a afastar a depressão.

Dona Solange Lira mora sozinha. Deixou de trabalhar há 28 anos, quando nasceu a filha, e precisava cuidar da bebê, ao mesmo tempo que cuidava da mãe enferma. Do marido, acabou se separando. Sua mãe faleceu há 7 anos. A filha agora está em outra cidade fazendo faculdade. Depois de um período difícil, ela voltou a sorrir.

“Agora estou assim, feliz. Abraço todo mundo, dou bom dia a todo mundo. Espero que esse projeto não acabe nunca”.

O projeto já teve duas edições, com a implantação de 600 quintais ecoprodutivos e duas hortas comunitárias no Alto José do Pinho e na Comunidade de Santa Luzia, em Recife. Agora, começará a ser executado, com apoio do Instituto Phi, na Região Metropolitana, beneficiando mais 100 pessoas em Recife, 150 em Jaboatão dos Guararapes, 200 em Cabo de Santo Agostinho e 150 em Ipojuca, num total de 600 pessoas.

O projeto é um exemplo de prática sustentável, na medida em que preserva mais os recursos naturais e a biodiversidade. Além disso, com uma participação de apenas 24,3% da área plantada no Brasil, a agricultura familiar tem grande relevância para a soberania alimentar e o abastecimento do mercado interno. Hoje 70% dos alimentos que estão na mesa dos brasileiros são produzidos por esses produtores.

Transformando a CDD com educação ambiental: o projeto Eco Rede, da Alfazendo

Boletim Phi – Especial Meio Ambiente

Em fevereiro de 1996, fortes chuvas atingiram o Rio de Janeiro, causando uma das piores enchentes da Cidade de Deus. Com o transbordamento do Rio Grande, muitas pessoas perderam tudo que tinham e muitos perderam a vida. Lidiane Santos tinha 5 anos na época, havia acabado de chegar da Bahia com a mãe para morar no bairro, e assistiu tudo.

Tão nova, começou a conhecer os efeitos do descarte irregular de lixo e da eliminação da vegetação nativa, principalmente nas margens dos rios. Hoje com 32 anos, Lidiane é bióloga formada pela UFRJ, coordenadora do Eco Rede – um projeto da ONG Alfazendo que atua com educação socioambiental e desenvolvimento sustentável da Cidade de Deus – e faz mestrado. O tema da dissertação é “Performances das águas: conservação geopoética da Cidade de Deus”.

Atualmente apoiado pelo Instituto Phi, o projeto Eco Rede tem investido recursos e esforços nos últimos 12 anos para enfrentar problemas graves da Cidade de Deus: a coleta deficiente do lixo domiciliar e os impactos ambientais causados pelo tratamento inadequado dos resíduos sólidos.

Lidiane, que começou a trabalhar na Alfazendo como estagiária, há seis anos, conta que o primeiro incômodo do Eco Rede é o racismo ambiental, isto é, como a populações

marginalizadas e historicamente invisibilizadas são as mais afetadas pela poluição e degradação ambiental.

“Nossa meta principal sempre foi acabar com os lixões e trazer uma perspectiva de coleta seletiva solidária para a CDD. Para isso, o primeiro passo é que os moradores entendam que são parte fundamental da transformação”, destaca.

Para sensibilizar a população a não jogar lixo no rio e suas margens e fazer o descarte correto dos resíduos, as oficinas de educação socioambiental do Eco Rede resgatam a importância do Rio Grande e seus afluentes para a CDD.

“Contamos que os primeiros moradores que chegaram ao território pescavam nesse rio, se banhavam e cultivavam plantas comestíveis às suas margens. Também ressaltamos a importância do catador dentro do ciclo produtivo”, explica Lidiane.

Com o trabalho de educação socioambiental, o projeto já beneficiou diretamente mais de 45 mil pessoas, conta a educadora e cofundadora da Alfazendo, Iara Oliveira:

“Temos parcerias com as 26 escolas do bairro, propondo formação de professores e oficinas de educação socioambiental para os alunos. O EcoRede já faz parte do projeto pedagógico da rede escolar da CDD, promovendo desde contações de histórias e teatro para as crianças da creche até jogos colaborativos e rodas de conversas para o Ensino Fundamental e Médio. Em algumas dessas escolas, implementamos hortas pedagógicas, num trabalho integrado com as famílias”.

Além de seu programa em escolas locais, o projeto Eco Rede também oferece treinamento para catadores de materiais recicláveis. Uma das principais iniciativas que a EcoRede apoiou foi a construção de ecopontos na Cidade de Deus para que os moradores descartem o lixo reciclável de forma que facilite o trabalho dos catadores.

Do extrativismo ilegal ao ativismo de meio ambiente: a história de Eduardo, do IA-RBMA

Boletim Phi – Especial Meio Ambiente

De uma família que vivia do extrativismo ilegal de palmito juçara, Eduardo Rodrigues Netto hoje trabalha com educação ambiental no município de Iporanga (SP). O palmito juçara está em extinção e a prática ameaça não só sua preservação, mas também de todas as espécies da fauna que se alimentam dela, trazendo prejuízos ao meio ambiente como um todo.

A história de transformação de Eduardo começou com um programa de formação em ecoturismo do Instituto Amigos da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica – IA-RBMA. Ele começou a trabalhar como guia turístico do Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira e do Parque Estadual Caverna do Diabo, que compõem a Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. São mais de 250 cavernas catalogadas, além de vales, montanhas, rios e cachoeiras. Depois, foi estudar Biologia.

No início deste ano, diante do cenário pós-Covid, o Instituto Phi começou a apoiar o projeto do IA-RBMA de capacitação do receptivo de turismo de base comunitária na comunidade Ribeirão, em Iporanga.

O turismo de base comunitária alia educação ambiental, preservação da natureza, valorização da cultura de comunidades tradicionais e desenvolvimento econômico. 

Houve uma mudança de mentalidade não só de Eduardo, mas de toda a sua família sobre o ecoturismo, que oferece não só proteção de ecossistemas preciosos para a garantia da vida na Terra, mas também  uma alternativa de subsistência sustentável. Eles deixaram de trabalhar com o extrativismo ilegal de palmito.

“Atualmente, o IA-RBMA está executando a capacitação em comunidades do Ribeirão e quilombolas, dando ferramentas para quem possam ter uma visão empreendedora de suas atividades, sejam de agricultura, hospedagem, gastronomia ou cultura, por exemplo, para que o turista saiba a riqueza do que está levando”, conta Eduardo.

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