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Artigo Observatório do Terceiro Setor: Tendências da filantropia para 2025: o futuro do impacto social

filantropia está em constante transformação, ajustando-se às novas exigências sociais, políticas e ambientais de um mundo em mudança. No Instituto Phi e nas redes filantrópicas globais das quais participo, vivencio um crescente movimento de organizações da sociedade civil (OSCs), empreendedores sociais e doadores que vêm adotando abordagens inovadoras para gerar um impacto mais duradouro e significativo nas comunidades.

Recentemente, participei de uma apresentação com o consultor e pesquisador na área de filantropia e investimento social, Cassio Aoqui, na qual ele apresentou tendências que estão moldando o papel da filantropia e que prometem se destacar em 2025, com atenção especial para o legado familiar e a convergência com práticas empresariais.

A questão climática, a promoção da diversidade, a participação comunitária e a justiça social são causas essenciais nesse cenário, mas existem muitas outras tendências emergentes. Convido você a refletir sobre essas mudanças e a explorar comigo as temáticas que estarão no centro da filantropia nos próximos anos. Confira a seguir:

  1. Apoio à infraestrutura de OSCs

O fortalecimento organizacional das OSCs é fundamental para garantir a sua eficácia e resiliência, especialmente em tempos desafiadores. Investir no desenvolvimento institucional dessas organizações, desde a captação de recursos até o cuidado com a saúde mental da equipe, é essencial para a continuidade do trabalho social de qualidade.

  1. Adoção de filantropia baseada em confiança (trust-based philanthropy)

A filantropia baseada em confiança visa reduzir a burocracia e promover a autonomia das organizações sociais. Com mais liberdade para implementar suas estratégias e projetos, elas se tornam mais ágeis na resposta às necessidades locais, criando um impacto mais rápido e sustentável. Esse modelo fortalece a relação entre doadores e beneficiários, baseando-se em confiança mútua para alcançar objetivos comuns. 

  1. Foco em doações multigeracionais

Ao envolver as novas gerações no processo de tomada de decisão, as doações representam inovação e adaptação às mudanças sociais e culturais. Isso também assegura que o impacto filantrópico tenha continuidade ao longo do tempo, ajudando a adaptar-se às necessidades emergentes das comunidades.

  1. Uso de Inteligência Artificial (IA)

A inteligência artificial se revela revolucionária na rastreabilidade e integridade dos dados de impacto e vem permitindo mapear demandas, agilizar respostas a emergências e tomar decisões mais assertivas por meio da análise de dados, otimizando recursos e ampliando o impacto social.

  1. Filantropia focada em diversidade, equidade e inclusão (DEI)

Ao priorizar práticas que promovam a promoção da diversidade, equidade e inclusão, a filantropia combate desigualdades sistêmicas, tornando a sociedade mais inclusiva e acessível para todos, independentemente de raça, gênero, classe ou identidade.

  1. Filantropia para questões climáticas

Com as crescentes preocupações em torno da sustentabilidade do planeta, a filantropia investe em iniciativas de mitigação e adaptação às mudanças climáticas, especialmente em comunidades vulneráveis, buscando garantir que as futuras gerações possam viver em um planeta mais saudável e resiliente.

  1. Integração de investimento de impacto

A integração de critérios ESG (ambientais, sociais e de governança) nas decisões filantrópicas é uma tendência crescente. O investimento de impacto visa combinar retorno financeiro com impacto social, alinhando os valores familiares e empresariais com investimentos que promovem mudanças positivas e duradouras.

  1. Filantropia colaborativa

A filantropia colaborativa envolve alianças entre doadores, organizações e outros parceiros para maximizar os recursos em causas comuns. Ao unir forças, os doadores podem criar um impacto maior, abordando questões urgentes como inclusão produtiva e insegurança alimentar de forma mais eficiente.

  1. Transparência e comunicação

A prática de uma comunicação ativa sobre metas, processos de doação e resultados alcançados reforça a confiança entre os doadores, as OSCs e as comunidades beneficiadas. A comunicação clara e aberta também fortalece a credibilidade das organizações, garantindo que as partes envolvidas compreendam o impacto e os resultados das iniciativas.

  1. Participação comunitária no grantmaking (decolonialidade)

A participação das comunidades nas decisões sobre doações e projetos filantrópicos é uma tendência crescente que garante que as pessoas afetadas pelos projetos tenham voz ativa nas escolhas que impactam suas vidas. Isso assegura que as estratégias filantrópicas sejam mais bem alinhadas às necessidades locais, promovendo uma abordagem mais inclusiva e eficaz.

  1. Justiça social como prioridade

justiça social emerge como uma das prioridades centrais na filantropia. Ao apoiar iniciativas que abordam desigualdades estruturais, a filantropia tem o poder de criar uma base mais justa e acessível para todos. A luta por equidade é fundamental para um futuro mais inclusivo e igualitário, onde todos tenham as mesmas oportunidades de prosperar.

  1. Desenvolvimento para economia digital

A capacitação em habilidades digitais para populações vulneráveis tem ganhado relevância na filantropia. Ao promover a inclusão digital, especialmente entre jovens e comunidades marginalizadas, a filantropia prepara essas populações para a economia do futuro, oferecendo novas oportunidades de emprego e aprendizado.

  1. Filantropia para grandes desafios

Envolve investimentos em soluções ambiciosas e inovadoras para problemas globais de difícil resolução. Esse tipo de filantropia tem o objetivo de promover avanços significativos em questões complexas, mesmo com riscos elevados. É uma abordagem que incentiva a ousadia e a busca por soluções disruptivas para os grandes desafios da humanidade.

  1. Envelhecimento da população

Com o aumento da expectativa de vida, é essencial promover o envelhecimento ativo, incentivar a participação cidadã e implementar estratégias focadas na prevenção de doenças, garantindo uma melhor qualidade de vida para a população idosa.

Luiza Serpa é fundadora e diretora executiva do Phi e colunista mensal do Observatório do Terceiro Setor, onde escreve sobre filantropias ativas. Este artigo foi originalmente publicado no Observatório do Terceiro Setor. Você pode conferi-lo na íntegra no site do Observatório: https://observatorio3setor.org.br/tendencias-da-filantropia-para-2025-o-futuro-do-impacto-social/

Artigo Observatório do Terceiro Setor: Divulgar doação não é exibição: é inspiração

Já ouviram dizer que “o que uma mão dá, a outra não precisa ver”? Muita gente acredita que filantropia precisa ser assim: discreta, quase secreta. E quando influenciadores mostram suas doações, as críticas logo aparecem, dizendo que estão “querendo likes” ou só buscando visibilidade. Mas será que compartilhar uma boa ação é algo ruim? Ou é, na verdade, uma forma de inspirar mais pessoas a fazerem o bem?

Quando alguém que a gente admira faz algo positivo, dá aquela vontade de fazer igual, não é? Isso não é só “achismo”. Estudos mostram que nos inspiramos nas pessoas ao nosso redor, especialmente naquelas que consideramos exemplos. Na psicologia, isso tem nome: é a Teoria da Aprendizagem Social, de Albert Bandura. Quando um influenciador ou pessoa pública compartilha uma doação, os seguidores veem essa atitude como algo bacana, um comportamento positivo que eles também podem querer adotar.

Para os críticos, ao mostrar a doação, o gesto perde a sinceridade. Mas, calma lá. Uma pesquisa sobre a relação entre doar e o bem-estar do doador (Happiness Runs in a Circular Motion: Evidence for a Positive Feedback Loop between Prosocial Spending and Happiness, de Aknin, Dunn e Norton) destaca que ver o impacto da doação potencializa os sentimentos positivos. A pessoa se sente bem ao se ver reconhecida por suas ações, e isso só multiplica a motivação para continuar. Qual o problema nisso?

Em seu livro Norms in the Wild, a pesquisadora Christina Bicchieri mostra que, quando as pessoas veem exemplos de comportamentos desejáveis — como doações e ajuda ao próximo —, isso reforça esses comportamentos como uma norma social. A sociedade, então, tende a adotar atitudes mais generosas e colaborativas, pois o exemplo visível atua como um lembrete e uma inspiração.

Outro estudo, de comunicação, feito por Berger e Milkman, descobriu que ações que despertam emoção, como doações e voluntariado, chamam mais atenção e geram mais engajamento nas redes. Quando uma causa aparece nas redes sociais, ela alcança muito mais gente e, aos poucos, é como se todos estivessem sendo incentivados a fazer parte. E isso é ouro para o setor social! É aquele efeito em cadeia: um compartilha, o outro vê, e a corrente cresce.

Quem me conhece sabe que sempre digo que meu sonho estará realizado quando as doações forem o tema das conversas nos jantares entre amigos. Assim, quando alguém disser que não doa para nenhuma causa, todos acharão essa pessoa estranha.

Quando você compartilha sua filantropia, está criando um ciclo do bem. E as redes sociais, onde todo mundo já está conectado, se tornam ferramentas incríveis para espalhar essas ideias. É educação social e inspiração de forma prática e acessível. Quem vê, se inspira. Quem se inspira, pode transformar!

Luiza Serpa é fundadora e diretora executiva do Phi e colunista mensal do Observatório do Terceiro Setor, onde escreve sobre filantropias ativas. Este artigo foi originalmente publicado no Observatório do Terceiro Setor. Você pode conferi-lo na íntegra no site do Observatório: https://observatorio3setor.org.br/divulgar-doacao-nao-e-exibicao-e-inspiracao/

Artigo Observatório do Terceiro Setor: O que aprendi em 10 anos liderando uma organização social

Mesmo quando uma organização tem um ótimo desempenho, reservar um tempo para refletir e, se preciso, fazer mudanças em processos estabelecidos, pode ajudar os líderes a navegarem até mesmo nos mares mais bravos. Especialmente quando completamos alguns marcos na nossa vida, fica impossível não parar para fazer esse balanço. Eu fiz e compartilho aqui minhas 14 lições mais valiosas.

  • Aprendi que o tempo passa muito rápido e atropela as ideias. Isso quer dizer que sentamos e planejamos mil coisas, mas somos engolidos na rotina do dia a dia, deixando uma pilha de sonhos engavetados. Esforce-se para tirá-los da gaveta!
  • Aprendi que a vaidade destrói lindas ideias e parcerias. Não importa o quão inteligentes as pessoas acham que são, elas devem estar sempre abertas a mudanças e prontas para se adaptar. Precisamos aplicar essa perspectiva com financiadores, parceiros e aqueles a quem servimos. 
  • Aprendi que nesse setor alguns grupos se protegem entre si para que os novatos não tragam suas novas ideias e balancem o coreto. Mas aprendi também que as parcerias certas podem mover montanhas! Não se deixem intimidar!
  • Aprendi que quem está na ponta sabe o que faz e faz muito bem feito com pouco ou nenhum recurso. São essas experiências que podem se tornar modelo para políticas públicas eficazes.
  • Aprendi que a vida não é justa. Quem tem dinheiro consegue testar e errar, até acertar. Para quem não tem, fica difícil até se mover. Este é o tamanho do desafio que a maioria das ONGs enfrentam: para que possam executar seus projetos com qualidade, é fundamental que invistam nas suas estruturas.
  • Aprendi que ter alguém que confia em seu potencial faz toda a diferença e traz resultados. Os processos criativos precisam de espaços flexíveis, onde é possível se mover livremente e até errar: um erro serve para “adubar o terreno” em que novas ideias surgirão.
  • Aprendi a não acreditar em tudo que vejo nas mídias e redes sociais e a nunca comparar o meu trabalho com essas imagens fantasiosas. Organizações que investem na busca incondicional pelo view são como castelos de areia. Uma hora caem, pois são vazias.
  • Aprendi que liderar é solitário, mas quando você encontra um grupo de confiança as trocas são incríveis! Encontros para trocas simples pode oferecer ideias e soluções que não estão no radar nem mesmo dos tomadores de decisão mais bem-intencionados. 
  • Aprendi a perseguir o autocuidado. Lideranças do terceiro setor costumam enfrentar uma rotina exaustiva, abraçando múltiplos papéis e frequentemente se sentindo isolados. Mas os intervalos, além de fundamentais para preservar a saúde física e emocional, são fontes de inspiração para desafios organizacionais.
  • Aprendi que muita gente precisa criar projetos autorais, mesmo que sejam cópias recauchutadas de antigas ideias. Todos nós queremos ter a próxima grande ideia. Às vezes, devido ao tempo e aos recursos, isso simplesmente não é possível. Se sua ideia não for nova ou criativa, mas funcionar bem para atingir um público-chave e reunir doações, isso é perfeitamente bom!
  • Aprendi que trabalhar duro é para poucos. Encontre esses poucos. Há uma frase na música “Circle of Life”, de Elton John (em O Rei Leão!) que diz que “há mais para se fazer do que pode ser feito”. Por tanto,  é somente assim, com trabalho duro, que você alimenta a mudança contra todas as probabilidades.
  • Aprendi que sempre serei vilã na história de alguém e já durmo bem com isso. Portanto, quebre o máximo de barreiras que puder e está tudo bem se alguém não gostou!
  • Aprendi a não julgar pessoas que vivem em realidades completamente diferentes de mim e a ser empática a isso.  É preciso humildade para manter a mente e o coração abertos para criar espaço dentro de si para o aprendizado contínuo.
  • Aprendi a ser fiel às minhas crenças e a dizer mais nãos. Ao entrar no terceiro setor, fiquei surpresa ao ver que nem todo mundo está realmente alinhado com os valores de sua missão. Para mim, proteger a humanidade é uma responsabilidade de tempo integral.

Luiza Serpa é fundadora e diretora executiva do Phi e colunista mensal do Observatório do Terceiro Setor, onde escreve sobre filantropias ativas. Este artigo foi originalmente publicado no Observatório do Terceiro Setor. Você pode conferi-lo na íntegra no site do Observatório: https://observatorio3setor.org.br/o-que-aprendi-em-10-anos-liderando-uma-organizacao-social/

Artigo Observatório do Terceiro Setor: O que é Venture Philanthropy?

Quando ouvi o termo “Venture Philanthropy” pela primeira vez, fui logo fazer a tradução para o português e achei interessante. “Filantropia de risco”: tá aí, gostei. Mas, me envolvendo mais com o termo, fui entendendo que se tratava na verdade de um grande guarda-chuva para tudo que se relaciona com impacto.

Com o tempo, foi começando a ficar mais fácil entender. Embaixo deste guarda-chuva, existe uma grande régua de possibilidades – desde a filantropia tradicional, passando pela blended finance, que une filantropia e investimento, chegando ao investimento em negócios – destacando-se que, em primeiro lugar, está sempre o impacto sócio ambiental.

O conceito é um convite à colaboração e à inclusão para causar impacto. E foi assim, dizendo que “o dinheiro por si só não gerará mudanças sociais”, que a CEO da Latimpacto Carolina Suárez abriu a 3ª edição Impact Minds 2024, a conferência da rede vinculada a um movimento global de Venture Philanthropy para filantropos de risco na América Latina e no Caribe. O evento reuniu mais de 650 participantes de 36 países, representando 210 organizações, em Oaxaca, México, de 9 a 12 de setembro.

Tive a oportunidade de conduzir, no evento, a palestra “Êxitos na Filantropia: histórias de sucesso na Venture Philanthropy”, contando como pouco dinheiro pode impactar organizações menores, que passam a triplicar seus resultados. Um destaque do conceito é que ele traz modelos de financiamento personalizado e com medição do impacto de ações socioambientais, além de valorizar o apoio estratégico, tão importante para a consolidação de organizações e negócios de impacto.

Podemos notar que um diferencial na abordagem são o comprometimento a longo prazo e a proximidade entre os financiadores e as organizações, garantindo que sejam mais resilientes, consolidadas e sustentáveis, com o objetivo de gerar mudanças sistêmicas. Outra característica é uma maior tolerância a assumir riscos, ajudando a fortalecer as entidades e negócios sociais e incentivando soluções disruptivas para problemas socioambientais complexos.

Marcada por grandes contrastes, a América Latina tem imensas questões sociais, econômicas e ambientais, mas também uma economia pujante e uma rede consolidada de organizações da sociedade civil e empreendedores sociais, com soluções inovadoras e criativas para enfrentar estes desafios.

O interessante do conceito é que ele atrai todo tipo de perfil de investidores para impacto, desde os mais conservadores até os mais progressistas. A Latimpacto foi fundada há quatro anos, justamente com o compromisso de dar suporte na promoção de uma maior diversidade para aplicação deste capital. A percepção é de um ecossistema com muitas oportunidades de articulação e desenvolvimento.

Com baixa colocação na última edição do World Giving Index – o ranking mundial de solidariedade – o Brasil precisa inspirar novos atores e incentivar novas conexões intersetoriais. Em 2024, o ficamos na posição 86, com doações para ONGs praticada por apenas 29% da população. Fica, então, o convite para que investidores sociais, de um lado, e todo o ecossistema social brasileiro, de outro, possamos nos unir para reduzir as desigualdades na nossa região.

 

Luiza Serpa é fundadora e diretora executiva do Phi e colunista mensal do Observatório do Terceiro Setor, onde escreve sobre filantropias ativas. Este artigo foi originalmente publicado no Observatório do Terceiro Setor. Você pode conferi-lo na íntegra no site do Observatório: https://observatorio3setor.org.br/o-que-e-venture-philanthropy/ 

Luiza Serpa, co-autora do livro “Mulheres no Terceiro Setor”, ganha destaque na mídia compartilhando sua trajetória de impacto social

 

Luiza Serpa, co-autora do livro “Mulheres no Terceiro Setor”, ganha destaque na mídia compartilhando sua trajetória de impacto social

Luiza Serpa, fundadora do Instituto Phi e uma das co-autoras do livro Mulheres no Terceiro Setor, da Série Mulheres, da Editora Leader, foi destaque em diversos veículos de comunicação, onde compartilhou sua história e experiência no campo da filantropia estratégica.

No livro, Luiza conta como deixou uma carreira promissora na área de comunicação corporativa para se dedicar ao Terceiro Setor. Em 2014, fundou o Instituto Phi, que hoje completa 11 anos de atuação, tendo apoiado mais de 2183 projetos sociais em todo o Brasil, movimentado R$243 milhões e impactado a vida de mais de 3,6 milhões de pessoas. Com uma proposta inovadora, o Phi conecta doadores — indivíduos, famílias e empresas — a organizações sociais alinhadas com as causas de cada investidor, promovendo uma filantropia transparente, recorrente e transformadora.

A participação de Luiza no livro integra o primeiro volume da Série Mulheres, projeto que destaca histórias inspiradoras de mulheres que atuam na transformação socioambiental. O livro foi lançado em abril de 2024.

Em suas entrevistas, Luiza reforça sua missão de ser uma ponte entre quem deseja ajudar e as organizações sociais que promovem impacto real: “Levo as oportunidades para que as pessoas experimentem a filantropia de forma segura e estruturada”, afirma.

O reconhecimento crescente de sua trajetória reafirma a importância do diálogo sobre filantropia estratégica e o papel essencial de mulheres no fortalecimento do Terceiro Setor.

Confira na íntegra:

O Globo: https://oglobo.globo.com/blogs/ancelmo-gois/post/2024/04/duas-linhas-e-meia-04-04-2024.ghtml

Folha de São Paulo: https://www1.folha.uol.com.br/folha-social-mais/2024/04/mulheres-abordam-em-livro-carreira-no-terceiro-setor.shtml

Sou Segura:

https://sousegura.org.br/Noticia/empreendedora-social-conta-sua-historia-no-livro-mulheres-no-terceiro-setor

Revista Hashtag:

https://revistahashtag.com.br/luiza-serpa-conta-sua-historia-como-empreendedora-social/

Artigo: Building philanthropic legacies committed to strengthening democracy, pelos colaboradores Phi Marcello Stella and Vivian de Almeida

 

We need to reconsider the very foundations of philanthropy. That is the challenge of Rob Reich, in his book Just Giving: Why Philanthropy Is Failing Democracy and How It Can Do Better, which explores the relationship between philanthropy and the fight against social inequalities.

Reich proposes that philanthropy should cease to be thought of merely in terms of the individual moral motivations for giving and, instead, be designed and studied from the perspective of its public ethical duty to the world. This shift in perspective is not just an academic exercise; it’s a necessary recalibration in our fight against deep-rooted social inequalities.

This is because focusing on individual motivations for giving tends to paint an overly positive picture of philanthropic activities, which, as the author shows, does not always hold true in reality. There are scenarios in which philanthropy can contribute to increasing inequalities, consolidating a plutocratic and asymmetric exercise of power by elite figures who run projects and foundations that are often unresponsive, lacking transparency, and closed to democratic dialogue with civil society.

A model for reviving democracy through philanthropy

In recent years, the global political landscape has been marked by the rise of far-right conservative movements, often linked to popular dissatisfaction with political elites and the perceived lack of effective responses to growing economic and social inequalities. The examples are numerous, especially when considering the global political scene in the 21st century, with political polarization and widespread attacks on civil rights. Understanding our place in this context, and considering family philanthropic intervention as a tool to defend the Rule of Law and its guarantees, we present the case of Marcio Thomaz Bastos and his family legacy, managed in collaboration with the Instituto Phi.

This legacy is built with a focus on the public ethics of philanthropy and an idea of transgenerational social justice, which has aimed to become a tool for strengthening democracy and the rule of law in Brazil, as well as facilitating and expanding concrete access to the guarantees and rights formally provided for in the Brazilian constitution.

This endeavour builds on the continuous actions of Marcio Thomaz Bastos throughout his career. In 2024, it’s been 10 years since his passing, yet many of the causes he championed remain crucial to the construction of a more democratic, just, and equitable nation. His leadership during the drafting of Brazil’s constitution as president of the Brazilian Bar Association (OAB), his role as Minister of Justice in the establishment of the National Justice Council, the passage of the Disarmament Statute, and the demarcation of key indigenous lands are examples of how Thomaz Bastos consistently demonstrated an ethical commitment to building a democracy that serves its citizens and ensures the actual realization of socioeconomic rights and guarantees.

Following in Marcio’s footsteps, since 2022, the MTB Legacy has supported 21 social projects from 14 different organizations, distributing R$ 1,300,802.45 across five Brazilian regions: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco, and Maranhão. During this time, 1,250 kilograms of food were distributed to low-income families; 49 students were trained on judicial errors and flaws in the Brazilian legal system; at least three people wrongfully convicted had their cases reviewed and were released; and there were at least 285 mentions of supported projects in the media.

Through initiatives founded by Bastos, such as the Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD), which continues to be supported by his family and Instituto Phi, he worked to ensure that all citizens, regardless of social class, had access to fair legal defense and impartial trials – essential pillars of any democracy. His work also sought to create rights defense mechanisms that were inclusive and representative of the country’s diversity, promoting social justice that goes beyond legal formalities.

In a time of democratic backsliding around the world, Bastos’ efforts and his commitment to the rule of law provide a model of how philanthropy can be used not only to alleviate the symptoms of injustice but also to address its structural causes, thereby strengthening the foundations of democracy and equity. This is a vision of philanthropy aimed at creating and maintaining strong systems that ensure democratic progress and the protection of fundamental rights for the future.

The legacy of Marcio Thomaz Bastos remains deeply relevant today, especially considering the current challenges to democracy and human rights. As political movements threaten democracy, Bastos’ initiatives remind us that strengthening democratic institutions and protecting civil rights are essential to building just and equal societies. Ten years after his passing, the flame that Thomaz Bastos ignited to safeguard democracy and access to rights continues to burn, serving as a source of inspiration for both the philanthropic sector and broader civil society.

Marcello Stella is doing a PhD in Sociology at the University of São Paulo (USP) and Social projects Coordinator at Instituto Phi. Vivian de Almeida is studying a Master’s in Sociology at the Federal University of Rio de Janeiro (UFRJ) and Social Projects Analyst at Instituto Phi.

Confira o artigo na íntegra: https://www.alliancemagazine.org/blog/building-philanthropic-legacies-committed-to-strengthening-democracy/

 

Fábio Deboni: “Nosso setor está com o ego inflado e a gente precisa falar mais honestamente sobre isso” 

O discurso é bonito, os eventos são cheios de palavras como “transformação”, “inovação” e “parceria”, mas, nos bastidores, o setor social vive contradições que raramente vêm à tona. Métricas que mais escondem do que revelam e uma cultura de vaidade institucional são apenas algumas das questões apontadas com franqueza por Fábio Deboni 

Engenheiro agrônomo pela ESALQ/USP e mestre em Recursos Florestais, Fábio tem mais de 20 anos de atuação no campo socioambiental e no terceiro setor. Passou pelo Governo Federal, pelo Instituto Sabin, foi membro do conselho do Gife e hoje é diretor de programas da Aliança Bioversity-CIAT. É também autor do livro O que não te contaram sobre impacto social, escreve diariamente em seu blog e produz, desde 2019, o podcast Impacto na Encruzilhada, onde propõe análises críticas sobre a atuação de filantropos, organizações sociais e negócios de impacto no Brasil. 

Nesta entrevista, Fábio fala sem rodeios sobre os modismos do setor, os limites das métricas e os desafios concretos enfrentados pelas organizações da sociedade civil. 

 1. Em seus textos, você critica a superficialidade com que o termo “impacto” é utilizado. Como seria uma abordagem mais realista, ética e eficiente?

No meu livro, tento fazer um pouco esse debate sobre o termo impacto social, que na realidade “rebatizou” o termo transformação social, com o qual me identifico mais — embora esteja em desuso. Para além desse rebranding, vieram novas expressões como “investimento de impacto”, que é a ideia de fazer transformação social por meio de abordagens de mercado. E quem está escutando essa conversa muitas vezes não consegue separar de que impacto estamos falando. Um dos efeitos dessa roupagem é que se priorizam métricas, e se reduz a visão humana. 

De uma hora pra outra, só serve impacto social que for quantificável. E aí entra a quantidade de hectares restaurados, número de vidas salvas… Quando você coloca a lupa, vê que tem exagero. Se pegar os dados de todas as organizações que atuam na Amazônia, por exemplo, e somar a quantidade de hectares que dizem ter restaurado, vai dar uma área muito maior do que a própria Amazonia. Isso acontece porque virou quase uma obrigação transformar tudo em número. Só que muito trabalho bonito acaba ficando invisível nesse processo — não porque é irrelevante, mas porque não cabe nessa lógica da métrica pura.

2. No livro “O que não te contaram sobre impacto social”, você aponta verdades incômodas do setor. Quais destacaria?

Uma delas é essa ideia de que o setor social é todo colaborativo, que todo mundo é parceiro, irmão, camarada. Isso é falácia. Não estou dizendo que está todo mundo puxando o tapete do outro, mas quando você conhece as entranhas das organizações, vê que é como qualquer outro ambiente: tem disputa, vaidade, competição. Na pandemia, houve esse discurso bonito de que o setor se uniu, criou redes, e de fato aconteceu. Mas isso não se sustentou. Hoje o setor está numa lógica de “farinha pouca, meu pirão primeiro”, e essa colaboração ficou restrita a certos círculos. 

Outra questão é a priorização da mensuração. Parece que só é valorizado o que tem número. E isso cria uma distorção: projetos muito relevantes que têm dificuldade de “medir” ficam pra trás. Já outros que conseguem mostrar gráficos e relatórios ganham mais atenção dos financiadores, mesmo que o impacto real seja menor. Aí vem o dilema: a gente sabe que o nosso trabalho é pouco quantificável — e mesmo assim precisa virar número. Isso precisa ser debatido com honestidade. 

Tem também o problema do custo da mensuração. Hoje não basta dizer que gera impacto positivo, você precisa comprovar. E isso envolve processos caros. Poucas organizações conseguem bancar uma mensuração séria e consistente. Isso criou quase um subsetor dentro do nosso setor, que são as butiques de mensuração. É bonito no discurso, mas inacessível pra maioria.

3. O podcast “Impacto na Encruzilhada” aborda temas polêmicos. Qual episódio você destaca como mais provocador?

Nossa, isso é como pedir para escolher o filho preferido, mas dois me marcaram bastante. O episódio 187, chamado “Ao financiador, tudo”, fala sobre como o financiador coloca os prazos, estabelece as regras, tem o dinheiro na mão e faz o que quiser — e ninguém pode falar nada. A gente entra num círculo vicioso em que todo mundo quer agradar o financiador. 

Outro episódio que teve muita repercussão foi o 127, “O que não te contaram sobre cultura de doação”. Muita gente escuta até hoje. A questão não é ser contra a cultura de doação — todo mundo quer um Brasil mais doador. Mas o debate é muito raso, evita questões políticas, e a gente pisa em ovos quando o assunto são os milionários e bilionários. Ninguém quer questionar como essas fortunas foram geradas, e mesmo quando parte do dinheiro vai pra filantropia, é só uma fatia pequena. Esses dois episódios fiz sozinho, sem convidado, então consegui ir mais fundo. Quando tem convidado, a gente alinha pauta antes e evita colocar alguém na saia justa — mas depois que desliga a gravação, surgem mil outras camadas.

4. Você já mencionou a “juniorização” do setor. Pode explicar esse conceito?

Esse termo não é meu, já circula por aí. É primo-irmão da flexibilização trabalhista. O setor sempre viveu com poucos recursos, mas agora a escassez está ainda maior. Então, para reduzir custos, muitas organizações demitem suas equipes e contratam PJs. Algumas pessoas se adaptam bem, outras se ferram. Além disso, há uma tendência de contratar pessoas mais júniores porque são mais baratas. Mas nem sempre essas pessoas conseguem segurar a bronca de projetos complexos. Isso vale também para consultorias: tem muito júnior entrando e fazendo leilão de preços, mas sem capacidade de entrega. 

É algo que acontece em vários setores, mas no nosso isso é pouco falado. Aqui tudo é “lindo”, “transformador”, todo mundo vendendo inovação, mas a verdade é que muita gente sênior e estratégica está sendo escanteada porque é mais cara. E isso impacta diretamente na qualidade do que se entrega.

5. Quais os principais desafios para a sustentabilidade das organizações hoje?

Eu diria três pontos. Primeiro: essa tal sustentabilidade econômica realmente existe? Para quem ela existe? A verdade é que a maioria das organizações está sempre pedalando pra captar recurso. Isso é super perverso. A gestão estratégica acaba ficando na mão de gente mais júnior, que não tem experiência para decisões de médio e longo prazo. 

Segundo: tem se falado muito em “recurso livre”, e isso é um avanço, mas ainda é um discurso que não se concretiza na prática. A maioria dos financiadores no Brasil não disponibiliza esse tipo de recurso. É uma armadilha: todo mundo fala que é importante, mas na prática é a conta-gotas. 

Terceiro: como estão sempre buscando recursos, as OSCs acabam se moldando aos desejos do financiador. Viram uma espécie de garçom, ajustando o cardápio ao gosto do freguês, mesmo que isso signifique se afastar de sua missão. Às vezes fazem “qualquer negócio” e se descolam do território, da comunidade. Não estou dizendo que está certo ou errado — mas precisa ser assumido honestamente. Muitas vezes se usa o vínculo com a comunidade como cortina de fumaça. 

6. Que habilidades você considera essenciais para quem quer atuar com impacto social nos próximos anos?

Acho que a primeira é ser solucionador de situações. Às vezes me taxam de crítico demais, mas uma coisa é pensamento crítico, outra é não fazer nada. As OSCs muitas vezes ficam presas no diagnóstico, ou usam uma ferramenta que virou “remédio pra tudo”. Precisamos buscar soluções mais efetivas e fazer a parada acontecer, mesmo sem condições ideais. 

Segundo, precisamos abraçar os novos tempos. Na área ambiental, tem mil soluções baseadas na natureza, novas ferramentas… mas as pessoas são as mesmas de 20 anos atrás. Ficam cristalizadas numa forma de pensar. Não dá pra se fechar às novas abordagens, mas também não dá pra se vender totalmente a elas. A própria inteligência artificial, por exemplo: tem gente dizendo “sou contra”, mas será que não vale buscar o que ela tem de útil? 

Por fim, acho que nosso setor precisa calçar mais as sandálias da humildade. O ego está muito inflado. O cenário está desafiador, e nos eventos todo mundo aparece com discurso ensaiado, media training afiado… mas no fundo é só auto confete. Todo mundo se diz inovador. Se isso fosse verdade, a gente não estaria com tantos problemas

Um projeto para pares, liderado por pares: conheça a Capacitrans

Há mais de duas décadas, a cabelereira, maquiadora e empreendedora Andrea Brazil decidiu tornar possível às pessoas trans, travestis, não binárias LGBIQAP+  ter uma vida mais longa e com melhores oportunidades de trabalho. Ela percebeu que o empreendedorismo seria a peça-chave para alcançar esse objetivo e fundou, em 2018, a Capacitans, uma organização social que atua na formação empreendedora deste público em situação de vulnerabilidade.

Através das capacitações, em áreas como Gastronomia, Moda, Audiovisual e Obras e Reparos, dentre outras, o projeto identifica talentos e os encaminha empresas e instituições parceiras, com verdadeiras políticas de inclusão social. Em 4 anos e meio, mais de 300 pessoas já foram capacitadas e pelo menos 20% conseguiu uma colocação no mercado ou alavancar seus micro empreendimentos.

Além disso, mais de 10 já voltaram como facilitadores remunerados em projetos diversos da Capacitrans, conta Andrea:

“Começamos com moda e imagem, pois sou cabeleireira e maquiadora de formação. Mas vencemos editais e ampliamos para audiovisual, gastronomia e, atualmente, temos a primeira turma de Obras e Reparos. Hoje sou Consultora de Diversidade e Inclusão para várias empresas, fazendo pontes para nosses alunes mais dedicades que se destacam. Fazemos pontes até para quem está em situação de rua. Nosso foco é o resgate de cidadanias, ocupando todos os espaços de direitos antes nos negados”.

Lorranny Barbosa, de 30 anos, moradora do Jacarezinho, foi aluna da primeira turma de Transmulheridades na Moda. Não sabia como colocar uma agulha numa máquina de costura. Antes, trabalhou em restaurante, como cabeleireira, maquiadora e garota de programa. Hoje, tem sua própria marca de biquinis e é facilitadora da Capacitrans.

“O meu primeiro biquíni ficou horroroso, mas só de ter feito a minha primeira peça, fiquei realizada. Com o tempo fui estudando, até que veio a pandemia e o projeto Máscaras do Bem. Fomos remuneradas para produzi-las e, assim, tive a oportunidade de comprar minha primeira overlock. Daí já comecei a ter mais perfeição nos acabamentos. Com muito esforço e dedicação, dias e noites perturbando as professoras, consegui desenvolver meu próprio molde. Com minhas vendas , pude conquistar todo o maquinário necessário para a fabricação de excelentes biquínis”, orgulha-se Lorranny.

Localizada em Santa Teresa, a organização atende alunas e alunos de diversas regiões do Rio de Janeiro como Baixada, Niterói, Zonas Norte, Oeste e Sul, além de comunidades adjacentes, como Maré, Complexo do Alemão e Manguinhos. Um projeto para pares, liderado por pares – onde se reconhecem e recebem acolhimento.

Mulher e empreendedora: conheça o projeto do Programa Social Sim Eu Sou do Meio, na Baixada Fluminense


Mulher negra retinta, mãe solo, e periférica. Com o perfil de pessoas que mais sofrem com a desigualdade social e as diversas camadas de violências, Rosilanine é uma das participantes do projeto “Sou Empreendedora, Sou Mulher”, realizado pelo Programa Social Sim Eu Sou do Meio, em Belford Roxo (RJ). Ela vende empadinhas em uma carrocinha na Praça do Município para manter-se com seu filho Miguel, de 7 anos.

O projeto oferece capacitação profissional e inclusão produtiva em gastronomia para mulheres cis e trans de Belford Roxo, município com o pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da Baixada Fluminense. Nesta primeira turma, apoiada pelo Instituto Phi, são beneficiadas 200 mulheres.

As alunas têm aulas sobre boas práticas no serviço de alimentação, noções de precificação do produto, vendas, apresentação do produto, além das aulas práticas na cozinha, com foco em produtos vendáveis e que atendam uma necessidade do público-alvo.

Além disso, o programa tem em seu escopo noções de educação financeira para potencializar negócios, com certificado emitido em parceria com o Sebrae, e educação socioemocional voltadas ao autoconhecimento e quebra de crenças limitantes. A frequência é determinante para recebimento do certificado e participação nas feiras coletivas.

“Eu já fiz outros cursos na área de panificação, mas esse foi diferente, porque não aprendemos apenas a pôr a mão na massa, mas nos conhecemos melhor com cada aula. Eu nunca tinha aprendido sobre inteligência emocional, um ensinamento muito importante para que eu me enxergue como uma pessoa capaz de conseguir alcançar meus objetivos”, diz Rosilaine.

Juventudes são potências e precisam ser vistas como tal: conheça o Global Opportunity Youth Network (GOYN)

Temos uma população de jovens-potência que vem sendo “desperdiçada”. Eles possuem capacidade para se desenvolver, mas não conseguem acessar boas oportunidades. Têm sonhos, porém, há pouca escuta ativa para torná-los factíveis frente à dura realidade que enfrentam. É deste princípio que parte o Juventudes Potentes – Global Opportunity Youth Network (GOYN), uma grande aliança para promover a inclusão produtiva de jovens na cidade de São Paulo.

No Brasil, a ação é articulada pela United Way Brasil e apoiada pelo Instituto Coca-Cola Brasil, com gestão do Instituto Phi. O público-alvo do GOYN são os “jovens potência”: jovens de 15 a 29 anos, em situação de vulnerabilidade econômica, que estão fora da escola ou não conseguem emprego.

As taxas de desemprego para essa faixa, em São Paulo, giram em torno de 35%, quase o dobro quando comparadas com o restante da população da cidade. Além disso, esse jovem encara desafios centrais, como o racismo estrutural, a evasão escolar e a lacuna digital.

O GOYN atua em várias frentes: ampliando competências para as profissões do futuro; alinhando oferta e demanda de empregos, em parceria com uma rede de empresas; conduzindo esforços para a adoção de práticas mais inclusivas para o perfil dos jovens potência e realizando estudos e pesquisas.

No momento, está em andamento o Fundo Territórios Transformadores, em que 17 organizações sociais das Zonas Sul e Leste de São Paulo recebem subsídio financeiro para desenvolverem projetos de formação para as profissões de futuro, além de acesso a conhecimento e a uma rede de conexões.

Outras novidades são a aprovação do GOYN na Câmara dos Vereadores de São Paulo, passando a participar das votações sobre uso de recursos públicos para projetos de juventudes e a realização do primeiro “Feirão de Oportunidades” de 2023 na Zona Sul de São Paulo – ao todo, 15 organizações estiveram presentes oferecendo vagas e cerca de 600 jovens se inscreveram.

Transformação na trajetória de jovens com capacitação na área tech: conheça a Generation Brasil

Depois que o pequeno salão de beleza onde trabalhava como cabeleireira autônoma fechou as portas na pandemia, Tamires Guimarães se viu sem perspectivas. Mãe de uma criança e com apenas o Ensino Médio, Tamires enxergou uma oportunidade no setor de tecnologia, apesar da baixa representatividade de mulheres pretas neste mercado. Ela fez a formação da Associação Generation Brasil, organização apoiada pelo Coca Cola Foundation e Instituto Coca-Cola Brasil, com gestão do Instituto Phi, e se tornou desenvolvedora Java em 2021. Hoje, é analista de sistemas na Alelo, empresa de serviços financeiros. No Brasil, a média salarial de um analista de sistemas é de R$ 5.116, segundo o site Vagas.com.

No projeto de capacitação e inserção profissional na área tech, que está sendo oferecido este ano no Rio de Janeiro, os jovens são treinados no bootcamp de Desenvolvimento Java Full Stack (440h), uma formação que combina o desenvolvimento de hard skills, soft skills e mentalidades orientadas ao crescimento. O curso é remoto e gratuito para os participantes, com duração de 12 semanas.

Durante a formação, os alunos mais vulneráveis recebem suporte psicossocial e auxílio-alimentação, além de notebook e internet para mitigar os riscos de evasão ou baixo aproveitamento dos alunos. Os programas também trazem a mentoria como apoio complementar à colocação profissional.

A Generation pré-identifica vagas e formaliza parceria com empresas, que se comprometem a participar de atividades durante a formação para acelerar o processo de inserção no mercado.  Ao final do curso, os jovens são conectados com grandes empresas do mercado de trabalho tech e apresentam projetos para potenciais empregadores.

“A tecnologia veio como uma luz, em meio a um turbilhão de mudanças que a pandemia trouxe. A programação foi encanto à primeira vista e pude desmistificar o mundo da tecnologia como um ambiente no qual eu não me encaixava”, diz Tamires.

Acolhimento e esperança para quem não tem para onde ir

O trabalho de quem busca soluções para apoiar refugiados venezuelanos no Brasil

Marcela* é uma “acolhedora de refugiados”. Ela participa de um programa de acolhimento de famílias venezuelanas em que equipes de voluntários formam um time para apoiar migrantes a conquistarem sua independência no Brasil no curto prazo. Voluntária e filantropa há muitos anos em diferentes causas, em maio deste ano, Marcela conheceu o trabalho da organização não-governamental Refúgio 343 e o apoio a refugiados passou a ser o seu propósito.

Os venezuelanos são o segundo maior grupo populacional deslocado do mundo. Mais de 7,2 milhões, cerca de 20% da população venezuelana, já fugiram do país para escapar da crise econômica e política que tem como consequências a fome, a violência e a falta de medicamentos e de serviços essenciais.

O Refúgio 343 é uma das organizações que fazem a Operação Acolhida, programa de resposta humanitária do governo federal às demandas dos refugiados que chegam ao país pela fronteira com a Venezuela, com o objetivo de diminuir a sobrecarga nos municípios de Pacaraima e Boa Vista (RR). Através dele, são ativadas pessoas e empresas de todo o território brasileiro para apoio na inclusão social e produtiva de forma sistematizada.

Há duas semanas, Marcela, que mora no Rio de Janeiro, esteve em Boa Vista para se encontrar com a equipe do Refúgio 343 e ver a situação de perto. A voluntária conseguiu, com amigos, empregos para duas famílias no município de Rio das Ostras, no litoral fluminense. Agora, o time de voluntários que ela reuniu está organizando a vinda dos migrantes, que devem nos próximos dias. Neste mês em que celebramos o Dia Mundial do Refugiado, no último dia 20, ela conta por que, neste momento, o apoio a refugiados é sua causa.

“Como cristã, acredito em amor ao próximo e um refugiado é meu próximo. Além disso, vejo a dor tão grande que eles sentem e, se eu fosse refugiada, gostaria que fizessem isso por mim. Por último, também é uma questão de apoiar a população de Roraima, que são meus compatriotas e precisam de suporte para que possamos fazer a reinserção socioeconômica dessas pessoas de forma organizada”, explica Marcela, que está convocando mais empresas a oferecerem vagas de emprego.

Divulgação/ACNUR

A coordenadora de comunicação do Refúgio 343, Vanesca Lima, lembra que, para os refugiados, recomeçar não é uma opção – é a única escolha. E os acolhedores são peça-chave da solução desta crise:

“Os voluntários recebem uma ou mais famílias, assumindo o compromisso de auxiliá-las em seu processo de adaptação, buscando vagas de emprego, encontrando e montando uma moradia, ajudando nos gastos iniciais e na inclusão nos sistemas de saúde e educação brasileiros.  Cada família conta com uma equipe de no mínimo 5 voluntários, cujo líder acolhedor é com quem articulamos todas as etapas do processo e é avaliado e capacitado pelo nosso time. É um trabalho muito cuidadoso, porque os migrantes são pessoas muito vulneráveis”, explica ela.

Atualmente, cerca de 9.000 refugiados estão vivendo nos abrigos da ACNUR (agência da ONU para refugiados), que são geridos pelas Forças Armadas. Além disso, do lado de fora, há hoje cerca de 1.900 venezuelanos vivendo nas ruas das cidades fronteiriças.

Além do programa de acolhimento, o Refúgio 343 oferece capacitação gratuita. Na Escola Refúgio, os refugiados e migrantes fazem em aulas de português e educação intercultural, além de cursos profissionalizantes, para recomeçarem suas vidas no Brasil com mais confiança.

Atualmente, são mais de 3,6 mil pessoas já impactadas pelo Refúgio 343, com a integração de mais de 1,8 mil núcleos familiares em 229 municípios de 20 estados brasileiros. Além disso, 2,2 mil migrantes participaram de formações da Escola Refúgio, com 4,2 mil certificações entregues. Com o trabalho realizado, 73% dos migrantes adultos estão empregados e 82% das crianças e adolescentes já estão na escola.

A coordenadora de comunicação Vanesca Lima conta que a organização tem empresas parceiras que enxergam com muito bons olhos a contratação dos refugiados.

“São empresas que levantam a bandeira da igualdade, da oportunização de emprego e que estão preocupadas com sua responsabilidade social. Tomamos todo o cuidado para que os refugiados tenham todos os direitos trabalhistas respeitados”.

*O sobrenome de Marcela foi omitido por questões de privacidade.

Divulgação/Refúgio 343

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