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Dicas de filmes, livros e mais – Junho 2025

Junho é um mês cheio de reflexões importantes. Celebramos o Dia Mundial do Meio Ambiente (05/06), o Dia Mundial do Refugiado (20/06) e o Mês do Orgulho LGBTQIAP+, entre outras datas que nos convidam a pensar em direitos humanos, inclusão, diversidade e preservação do nosso planeta.

Para quem quer se informar, se inspirar e ampliar o olhar sobre essas causas tão essenciais — e que fazem parte do trabalho do terceiro setor — preparamos algumas dicas de filmes, livros, documentários e podcasts. São histórias que emocionam, educam e nos ajudam a construir um mundo mais justo e plural.

Livro

Valentes: histórias de pessoas refugiadas no Brasil

Autor: Aryane Cardoso e Duda Porto de Souza

O livro Valentes, das jornalistas Aryane Cararo e Duda Porto de Souza, reúne relatos emocionantes de pessoas refugiadas de mais de quinze nacionalidades que buscaram no Brasil um lugar seguro para viver, fugindo de dificuldades financeiras, perseguições políticas, religiosas, étnicas, de gênero ou orientação sexual. Além das histórias de vida, a obra traz um panorama histórico e informativo sobre o refúgio no Brasil e no mundo, com dados, conceitos e infográficos sobre os principais conflitos que impulsionam as migrações forçadas. Com linguagem acessível e sensível, Valentes combate desinformação, preconceito e xenofobia, e contribui para o debate humanitário com empatia e informação.

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Filme

Homem com H – 2025

Homem com H (2004) é um documentário dirigido por José Sette que mergulha na trajetória artística e pessoal de Ney Matogrosso, um dos maiores ícones da música e da cultura brasileira. Com sua voz única, presença de palco marcante e estética transgressora, Ney quebrou barreiras de gênero, sexualidade e comportamento desde os anos 1970, desafiando tabus em plena ditadura militar.

Disponível  no streaming Netflix a partir de 17 de Junho.

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Documentário

O Sal da Terra – 2014

Recentemente nos despedimos de Sebastião Salgado, um dos maiores fotógrafos documentais do mundo e uma referência na luta pela preservação ambiental. Além de registrar com maestria temas como migração, desigualdade e natureza em suas imagens icônicas, Salgado também foi um dos fundadores do Instituto Terra, dedicado à recuperação da Mata Atlântica no Brasil.

Sua trajetória e sua visão transformadora estão retratadas no documentário O Sal da Terra (2014), dirigido por Wim Wenders e por seu filho, Juliano Ribeiro Salgado.

Um convite potente à reflexão sobre a relação do ser humano com o meio ambiente e com as grandes questões sociais do nosso tempo.

O documentário está disponível no Globoplay. 

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Luiza Serpa, co-autora do livro “Mulheres no Terceiro Setor”, ganha destaque na mídia compartilhando sua trajetória de impacto social

 

Luiza Serpa, co-autora do livro “Mulheres no Terceiro Setor”, ganha destaque na mídia compartilhando sua trajetória de impacto social

Luiza Serpa, fundadora do Instituto Phi e uma das co-autoras do livro Mulheres no Terceiro Setor, da Série Mulheres, da Editora Leader, foi destaque em diversos veículos de comunicação, onde compartilhou sua história e experiência no campo da filantropia estratégica.

No livro, Luiza conta como deixou uma carreira promissora na área de comunicação corporativa para se dedicar ao Terceiro Setor. Em 2014, fundou o Instituto Phi, que hoje completa 11 anos de atuação, tendo apoiado mais de 2183 projetos sociais em todo o Brasil, movimentado R$243 milhões e impactado a vida de mais de 3,6 milhões de pessoas. Com uma proposta inovadora, o Phi conecta doadores — indivíduos, famílias e empresas — a organizações sociais alinhadas com as causas de cada investidor, promovendo uma filantropia transparente, recorrente e transformadora.

A participação de Luiza no livro integra o primeiro volume da Série Mulheres, projeto que destaca histórias inspiradoras de mulheres que atuam na transformação socioambiental. O livro foi lançado em abril de 2024.

Em suas entrevistas, Luiza reforça sua missão de ser uma ponte entre quem deseja ajudar e as organizações sociais que promovem impacto real: “Levo as oportunidades para que as pessoas experimentem a filantropia de forma segura e estruturada”, afirma.

O reconhecimento crescente de sua trajetória reafirma a importância do diálogo sobre filantropia estratégica e o papel essencial de mulheres no fortalecimento do Terceiro Setor.

Confira na íntegra:

O Globo: https://oglobo.globo.com/blogs/ancelmo-gois/post/2024/04/duas-linhas-e-meia-04-04-2024.ghtml

Folha de São Paulo: https://www1.folha.uol.com.br/folha-social-mais/2024/04/mulheres-abordam-em-livro-carreira-no-terceiro-setor.shtml

Sou Segura:

https://sousegura.org.br/Noticia/empreendedora-social-conta-sua-historia-no-livro-mulheres-no-terceiro-setor

Revista Hashtag:

https://revistahashtag.com.br/luiza-serpa-conta-sua-historia-como-empreendedora-social/

Artigo: Building philanthropic legacies committed to strengthening democracy, pelos colaboradores Phi Marcello Stella and Vivian de Almeida

 

We need to reconsider the very foundations of philanthropy. That is the challenge of Rob Reich, in his book Just Giving: Why Philanthropy Is Failing Democracy and How It Can Do Better, which explores the relationship between philanthropy and the fight against social inequalities.

Reich proposes that philanthropy should cease to be thought of merely in terms of the individual moral motivations for giving and, instead, be designed and studied from the perspective of its public ethical duty to the world. This shift in perspective is not just an academic exercise; it’s a necessary recalibration in our fight against deep-rooted social inequalities.

This is because focusing on individual motivations for giving tends to paint an overly positive picture of philanthropic activities, which, as the author shows, does not always hold true in reality. There are scenarios in which philanthropy can contribute to increasing inequalities, consolidating a plutocratic and asymmetric exercise of power by elite figures who run projects and foundations that are often unresponsive, lacking transparency, and closed to democratic dialogue with civil society.

A model for reviving democracy through philanthropy

In recent years, the global political landscape has been marked by the rise of far-right conservative movements, often linked to popular dissatisfaction with political elites and the perceived lack of effective responses to growing economic and social inequalities. The examples are numerous, especially when considering the global political scene in the 21st century, with political polarization and widespread attacks on civil rights. Understanding our place in this context, and considering family philanthropic intervention as a tool to defend the Rule of Law and its guarantees, we present the case of Marcio Thomaz Bastos and his family legacy, managed in collaboration with the Instituto Phi.

This legacy is built with a focus on the public ethics of philanthropy and an idea of transgenerational social justice, which has aimed to become a tool for strengthening democracy and the rule of law in Brazil, as well as facilitating and expanding concrete access to the guarantees and rights formally provided for in the Brazilian constitution.

This endeavour builds on the continuous actions of Marcio Thomaz Bastos throughout his career. In 2024, it’s been 10 years since his passing, yet many of the causes he championed remain crucial to the construction of a more democratic, just, and equitable nation. His leadership during the drafting of Brazil’s constitution as president of the Brazilian Bar Association (OAB), his role as Minister of Justice in the establishment of the National Justice Council, the passage of the Disarmament Statute, and the demarcation of key indigenous lands are examples of how Thomaz Bastos consistently demonstrated an ethical commitment to building a democracy that serves its citizens and ensures the actual realization of socioeconomic rights and guarantees.

Following in Marcio’s footsteps, since 2022, the MTB Legacy has supported 21 social projects from 14 different organizations, distributing R$ 1,300,802.45 across five Brazilian regions: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco, and Maranhão. During this time, 1,250 kilograms of food were distributed to low-income families; 49 students were trained on judicial errors and flaws in the Brazilian legal system; at least three people wrongfully convicted had their cases reviewed and were released; and there were at least 285 mentions of supported projects in the media.

Through initiatives founded by Bastos, such as the Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD), which continues to be supported by his family and Instituto Phi, he worked to ensure that all citizens, regardless of social class, had access to fair legal defense and impartial trials – essential pillars of any democracy. His work also sought to create rights defense mechanisms that were inclusive and representative of the country’s diversity, promoting social justice that goes beyond legal formalities.

In a time of democratic backsliding around the world, Bastos’ efforts and his commitment to the rule of law provide a model of how philanthropy can be used not only to alleviate the symptoms of injustice but also to address its structural causes, thereby strengthening the foundations of democracy and equity. This is a vision of philanthropy aimed at creating and maintaining strong systems that ensure democratic progress and the protection of fundamental rights for the future.

The legacy of Marcio Thomaz Bastos remains deeply relevant today, especially considering the current challenges to democracy and human rights. As political movements threaten democracy, Bastos’ initiatives remind us that strengthening democratic institutions and protecting civil rights are essential to building just and equal societies. Ten years after his passing, the flame that Thomaz Bastos ignited to safeguard democracy and access to rights continues to burn, serving as a source of inspiration for both the philanthropic sector and broader civil society.

Marcello Stella is doing a PhD in Sociology at the University of São Paulo (USP) and Social projects Coordinator at Instituto Phi. Vivian de Almeida is studying a Master’s in Sociology at the Federal University of Rio de Janeiro (UFRJ) and Social Projects Analyst at Instituto Phi.

Confira o artigo na íntegra: https://www.alliancemagazine.org/blog/building-philanthropic-legacies-committed-to-strengthening-democracy/

 

Fábio Deboni: “Nosso setor está com o ego inflado e a gente precisa falar mais honestamente sobre isso” 

O discurso é bonito, os eventos são cheios de palavras como “transformação”, “inovação” e “parceria”, mas, nos bastidores, o setor social vive contradições que raramente vêm à tona. Métricas que mais escondem do que revelam e uma cultura de vaidade institucional são apenas algumas das questões apontadas com franqueza por Fábio Deboni 

Engenheiro agrônomo pela ESALQ/USP e mestre em Recursos Florestais, Fábio tem mais de 20 anos de atuação no campo socioambiental e no terceiro setor. Passou pelo Governo Federal, pelo Instituto Sabin, foi membro do conselho do Gife e hoje é diretor de programas da Aliança Bioversity-CIAT. É também autor do livro O que não te contaram sobre impacto social, escreve diariamente em seu blog e produz, desde 2019, o podcast Impacto na Encruzilhada, onde propõe análises críticas sobre a atuação de filantropos, organizações sociais e negócios de impacto no Brasil. 

Nesta entrevista, Fábio fala sem rodeios sobre os modismos do setor, os limites das métricas e os desafios concretos enfrentados pelas organizações da sociedade civil. 

 1. Em seus textos, você critica a superficialidade com que o termo “impacto” é utilizado. Como seria uma abordagem mais realista, ética e eficiente?

No meu livro, tento fazer um pouco esse debate sobre o termo impacto social, que na realidade “rebatizou” o termo transformação social, com o qual me identifico mais — embora esteja em desuso. Para além desse rebranding, vieram novas expressões como “investimento de impacto”, que é a ideia de fazer transformação social por meio de abordagens de mercado. E quem está escutando essa conversa muitas vezes não consegue separar de que impacto estamos falando. Um dos efeitos dessa roupagem é que se priorizam métricas, e se reduz a visão humana. 

De uma hora pra outra, só serve impacto social que for quantificável. E aí entra a quantidade de hectares restaurados, número de vidas salvas… Quando você coloca a lupa, vê que tem exagero. Se pegar os dados de todas as organizações que atuam na Amazônia, por exemplo, e somar a quantidade de hectares que dizem ter restaurado, vai dar uma área muito maior do que a própria Amazonia. Isso acontece porque virou quase uma obrigação transformar tudo em número. Só que muito trabalho bonito acaba ficando invisível nesse processo — não porque é irrelevante, mas porque não cabe nessa lógica da métrica pura.

2. No livro “O que não te contaram sobre impacto social”, você aponta verdades incômodas do setor. Quais destacaria?

Uma delas é essa ideia de que o setor social é todo colaborativo, que todo mundo é parceiro, irmão, camarada. Isso é falácia. Não estou dizendo que está todo mundo puxando o tapete do outro, mas quando você conhece as entranhas das organizações, vê que é como qualquer outro ambiente: tem disputa, vaidade, competição. Na pandemia, houve esse discurso bonito de que o setor se uniu, criou redes, e de fato aconteceu. Mas isso não se sustentou. Hoje o setor está numa lógica de “farinha pouca, meu pirão primeiro”, e essa colaboração ficou restrita a certos círculos. 

Outra questão é a priorização da mensuração. Parece que só é valorizado o que tem número. E isso cria uma distorção: projetos muito relevantes que têm dificuldade de “medir” ficam pra trás. Já outros que conseguem mostrar gráficos e relatórios ganham mais atenção dos financiadores, mesmo que o impacto real seja menor. Aí vem o dilema: a gente sabe que o nosso trabalho é pouco quantificável — e mesmo assim precisa virar número. Isso precisa ser debatido com honestidade. 

Tem também o problema do custo da mensuração. Hoje não basta dizer que gera impacto positivo, você precisa comprovar. E isso envolve processos caros. Poucas organizações conseguem bancar uma mensuração séria e consistente. Isso criou quase um subsetor dentro do nosso setor, que são as butiques de mensuração. É bonito no discurso, mas inacessível pra maioria.

3. O podcast “Impacto na Encruzilhada” aborda temas polêmicos. Qual episódio você destaca como mais provocador?

Nossa, isso é como pedir para escolher o filho preferido, mas dois me marcaram bastante. O episódio 187, chamado “Ao financiador, tudo”, fala sobre como o financiador coloca os prazos, estabelece as regras, tem o dinheiro na mão e faz o que quiser — e ninguém pode falar nada. A gente entra num círculo vicioso em que todo mundo quer agradar o financiador. 

Outro episódio que teve muita repercussão foi o 127, “O que não te contaram sobre cultura de doação”. Muita gente escuta até hoje. A questão não é ser contra a cultura de doação — todo mundo quer um Brasil mais doador. Mas o debate é muito raso, evita questões políticas, e a gente pisa em ovos quando o assunto são os milionários e bilionários. Ninguém quer questionar como essas fortunas foram geradas, e mesmo quando parte do dinheiro vai pra filantropia, é só uma fatia pequena. Esses dois episódios fiz sozinho, sem convidado, então consegui ir mais fundo. Quando tem convidado, a gente alinha pauta antes e evita colocar alguém na saia justa — mas depois que desliga a gravação, surgem mil outras camadas.

4. Você já mencionou a “juniorização” do setor. Pode explicar esse conceito?

Esse termo não é meu, já circula por aí. É primo-irmão da flexibilização trabalhista. O setor sempre viveu com poucos recursos, mas agora a escassez está ainda maior. Então, para reduzir custos, muitas organizações demitem suas equipes e contratam PJs. Algumas pessoas se adaptam bem, outras se ferram. Além disso, há uma tendência de contratar pessoas mais júniores porque são mais baratas. Mas nem sempre essas pessoas conseguem segurar a bronca de projetos complexos. Isso vale também para consultorias: tem muito júnior entrando e fazendo leilão de preços, mas sem capacidade de entrega. 

É algo que acontece em vários setores, mas no nosso isso é pouco falado. Aqui tudo é “lindo”, “transformador”, todo mundo vendendo inovação, mas a verdade é que muita gente sênior e estratégica está sendo escanteada porque é mais cara. E isso impacta diretamente na qualidade do que se entrega.

5. Quais os principais desafios para a sustentabilidade das organizações hoje?

Eu diria três pontos. Primeiro: essa tal sustentabilidade econômica realmente existe? Para quem ela existe? A verdade é que a maioria das organizações está sempre pedalando pra captar recurso. Isso é super perverso. A gestão estratégica acaba ficando na mão de gente mais júnior, que não tem experiência para decisões de médio e longo prazo. 

Segundo: tem se falado muito em “recurso livre”, e isso é um avanço, mas ainda é um discurso que não se concretiza na prática. A maioria dos financiadores no Brasil não disponibiliza esse tipo de recurso. É uma armadilha: todo mundo fala que é importante, mas na prática é a conta-gotas. 

Terceiro: como estão sempre buscando recursos, as OSCs acabam se moldando aos desejos do financiador. Viram uma espécie de garçom, ajustando o cardápio ao gosto do freguês, mesmo que isso signifique se afastar de sua missão. Às vezes fazem “qualquer negócio” e se descolam do território, da comunidade. Não estou dizendo que está certo ou errado — mas precisa ser assumido honestamente. Muitas vezes se usa o vínculo com a comunidade como cortina de fumaça. 

6. Que habilidades você considera essenciais para quem quer atuar com impacto social nos próximos anos?

Acho que a primeira é ser solucionador de situações. Às vezes me taxam de crítico demais, mas uma coisa é pensamento crítico, outra é não fazer nada. As OSCs muitas vezes ficam presas no diagnóstico, ou usam uma ferramenta que virou “remédio pra tudo”. Precisamos buscar soluções mais efetivas e fazer a parada acontecer, mesmo sem condições ideais. 

Segundo, precisamos abraçar os novos tempos. Na área ambiental, tem mil soluções baseadas na natureza, novas ferramentas… mas as pessoas são as mesmas de 20 anos atrás. Ficam cristalizadas numa forma de pensar. Não dá pra se fechar às novas abordagens, mas também não dá pra se vender totalmente a elas. A própria inteligência artificial, por exemplo: tem gente dizendo “sou contra”, mas será que não vale buscar o que ela tem de útil? 

Por fim, acho que nosso setor precisa calçar mais as sandálias da humildade. O ego está muito inflado. O cenário está desafiador, e nos eventos todo mundo aparece com discurso ensaiado, media training afiado… mas no fundo é só auto confete. Todo mundo se diz inovador. Se isso fosse verdade, a gente não estaria com tantos problemas

De egresso do sistema penal à retomada da vida em sociedade: uma nova história, com o apoio da ASAB 

Rio de Janeiro

Taualasse tem 33 anos e chegou à Associação Solidária Amigos de Betânia – ASAB em 2023, encaminhado pela Central Reguladora de Vagas – CRAF Tom Jobim. Sem documentos, analfabeto e recém-egresso do sistema penal, onde esteve por oito anos, ele trazia consigo um passado marcado por grandes desafios — e a esperança de uma segunda chance. 

A ASAB atua com a reinserção na sociedade da população masculina em situação de rua, com apoio 24h nas unidades na Freguesia e Santíssimo. Ao longo do programa, Taualasse passou a compartilhar sua trajetória, os obstáculos que enfrentou e os motivos que o levaram à detenção por envolvimento com o tráfico de drogas. Expressou, desde cedo, o desejo de mudar de vida — especialmente por sua filha de 10 anos, que vive com sua irmã e com quem ele sonha em ser mais presente. 

No início, Taualasse era tímido e reservado. Mas logo manifestou a vontade de aprender a ler e escrever, começando pelo próprio nome, para que pudesse, enfim, assinar seu RG. Foi então inserido nas aulas de reforço escolar, oferecidas semanalmente na instituição por uma professora voluntária. Após três meses, conseguiu escrever seu nome e, com grande entusiasmo, procurou o Serviço Social para mostrar sua conquista. O momento foi celebrado com orgulho por toda a equipe. 

Hoje, Taualasse trabalha com carteira assinada em um restaurante renomado no bairro de Botafogo, onde tem se destacado e recebido reconhecimento da gerência. Está de mudança para um imóvel alugado e planeja trazer sua filha para passarem mais tempo juntos nos fins de semana. 

Essa é uma vitória não só para Taualasse, mas também para toda a equipe da ASAB, que o acompanhou de perto. Juntos, perseveraram na reconstrução de sua cidadania, autoestima e protagonismo. Desde 2017, a ASAB tem projetos apoiados pelo Phi. 

Mas histórias como a de Taualasse ainda enfrentam um dos maiores obstáculos: o preconceito. A marca do sistema penal costuma fechar portas que só o apoio contínuo consegue reabrir. Sem uma nova chance, é quase impossível romper o ciclo da exclusão. A reinserção plena só acontece quando a sociedade escolhe acreditar que ninguém deve ser reduzido ao seu passado. 

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Apoio Emergencial às Brigadas Voluntárias e Comunitárias – Fundo Casa Socio Ambiental

Com o agravamento das mudanças climáticas, o Brasil enfrenta eventos extremos cada vez mais frequentes, como enchentes e queimadas — muitas vezes simultâneos e em regiões próximas, como Acre e Roraima, ambos na Amazônia.

Para responder a essas emergências, o Fundo Casa, com apoio do Instituto ITAÚSA, lança a convocatória “Reforço Imediato”, voltada a brigadas já formadas que atuam na prevenção e combate a incêndios florestais.

📍 Biomas atendidos: Amazônia, Cerrado, Pantanal, Caatinga e Mata Atlântica
💰 Valor por projeto: até R$ 20.000
Duração: até 4 meses (out. 2024 – jan. 2025)
📅 Propostas: a partir de 06/09/2024
📢 Resultados: divulgados semanalmente por e-mail e no site do Fundo Casa

Saiba mais em: https://casa.org.br/chamadas/reforco-imediato-apoio-emergencial-as-brigadas-voluntarias-e-comunitarias/

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Chamada para Organizações Comprometidas com a Erradicação da Pobreza através da geração de renda – Suzano

O edital em destaque é referente a “Chamada Contínua de Projetos de Geração de Renda”, lançado pela Suzano. Este edital busca apoiar projetos sociais que tenham foco na geração de renda para pessoas em situação de pobreza. As linhas temáticas atendidas por este edital incluem redes de abastecimento, extrativismo sustentável, empreendedorismo, acesso à emprego e reciclagem inclusiva.
 
Cada projeto pode solicitar até R$ 1.000.000, não tendo um limite para o número de projetos comtemplados.
 
A abrangência geográfica abarca diversos municípios dos estados da Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, entre outros.
 
As inscrições são contínuas durante todo o ano.
 
Região: municípios dos estados de Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais entre outros.
 
Para mais informações acesse o edital.

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Fund for Innovation in Development

O Fund for Innovation in Development (FID), visa apoiar projetos que trabalhem nas temáticas de redução da pobreza e desigualdade social, tendo apoio do governo da francês para financiar os projetos.
 
Cada projeto pode receber até € 4.000.000 e não existe limite para o número de projetos que podem ser contemplados.
 
A abrangência geográfica do edital é global.
 
As inscrições podem ser realizadas durante todo o ano e devem ser feitas em inglês ou francês.
 
Região: todo o Brasil
Inscrições: contínuas 

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Apoio Emergencial para Defensores de Direitos Humanos – Fundo Brasil

Apoio Emergencial a Defensoras e Defensores de Direitos Humanos
O Fundo Brasil oferece apoio emergencial a defensoras e defensores em risco por sua atuação. O auxílio cobre custos como deslocamento, saúde, alimentação, proteção jurídica e fortalecimento de redes.

Podem solicitar o apoio indivíduos, coletivos ou ONGs. As demandas devem se enquadrar em um dos três eixos:

  • Visibilidade e proteção jurídica;

  • Medidas de segurança e retirada emergencial;

  • Apoio psicossocial e redes de solidariedade.

Mais informações e formulário estão disponíveis no site do Fundo Brasil

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Conteúdos que nos inspiraram

No Instituto Phi, acreditamos que a transformação social passa também pelo conhecimento e pela escuta atenta. Por isso, reunimos aqui uma curadoria especial de livros, revistas e podcasts que em 2024 nos provocaram, nos informaram e nos inspiraram — tanto como indivíduos quanto como profissionais comprometidos com a cultura de filantropia.
São obras que ajudam a ampliar perspectivas, fortalecer repertórios e aprofundar reflexões sobre o Brasil, o mundo e o papel que cada um pode exercer na construção de uma sociedade mais justa. Esperamos que essas indicações também inspirem você.  

Livros

Brevidade Inteligente: O poder de dizer muito com poucas palavras

Autor:  Jim VandeHei, Mike Allen, Roy Schwartz 

Uma obra essencial para quem quer se comunicar melhor no mundo atual. Os autores, fundadores do site Axios, ensinam como escrever e falar com clareza, concisão e impacto — qualidades decisivas na era da sobrecarga de informação.

Saiba mais

República das Milícias

Autor: Gilson Rodrigues

Investigação profunda sobre o surgimento e fortalecimento das milícias no Rio de Janeiro, revelando como se consolidaram como força política e econômica no país. O autor expõe a relação entre crime organizado, Estado e o avanço da violência nas periferias.

Saiba mais

Fundações, Associações e Entidades de Interesse Social

Autor: José Eduardo Sabo Paes

Um guia jurídico e prático sobre o funcionamento das organizações do terceiro setor no Brasil. O autor explora a legislação, a atuação das OSCs e seus desafios em temas como gestão, responsabilidade e controle social.

All About Love

Autor: bell hooks

Com uma escrita sensível e radical, bell hooks reflete sobre o amor como um ato político transformador. A autora redefine o conceito de amar, criticando as estruturas patriarcais e propondo um caminho de cura, afeto e justiça nas relações humanas.

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Em Busca de Mim

Autor: Viola Davis

Uma autobiografia poderosa da atriz premiada Viola Davis, que compartilha sua trajetória marcada por pobreza, racismo e violência até alcançar reconhecimento internacional. Uma narrativa de dor, superação e afirmação da própria identidade.

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Podcasts

Impacto na Encruzilhada

Apresentado por Fábio Deboni, este podcast oferece reflexões críticas sobre o setor socioambiental, abordando temas como inovação social, negócios de impacto e investimento social privado. Os episódios destacam tanto os sucessos quanto os desafios do setor de impacto social no Brasil e no mundo, oferecendo uma plataforma valiosa para profissionais e organizações comprometidos com a transformação da sociedade.

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Fio da Meada

Produzido pela Rádio Novelo e apresentado por Branca Vianna, o podcast convida ouvintes a explorar ideias e temas contemporâneos por meio de conversas com convidados diversos. Cada episódio busca encontrar um ‘fio condutor’ que ajude a entender melhor o mundo complexo e instável em que vivemos.

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Rádio Novelo Apresenta

Este podcast semanal apresenta histórias envolventes e bem produzidas, explorando uma variedade de temas com profundidade jornalística. Os episódios são lançados às quintas-feiras e são conhecidos por seu compromisso com narrativas de alta qualidade

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Aqui se faz, aqui se doa

Produzido pelo Instituto MOL, este podcast aborda a cultura de doação no Brasil. Quinzenalmente, Mariana Campanatti conversa com personagens importantes do cenário da filantropia, discutindo desafios do terceiro setor e sugerindo formas criativas de contribuir para a transformação social.

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Revistas

Stanford Social Innovation Review Brasil

A Stanford Social Innovation Review Brasil é a edição brasileira da renomada publicação da Universidade de Stanford, lançada em 2022. Voltada para líderes e agentes de transformação social, a revista aborda temas como inovação social, filantropia, investimento de impacto e desenvolvimento comunitário. Com edições trimestrais, combina artigos traduzidos da versão original com conteúdos inéditos produzidos por especialistas brasileiros, promovendo debates sobre soluções sistêmicas para desafios sociais e ambientais no país.

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The Conversation (Brasil)

The Conversation Brasil é a versão em português da plataforma internacional de jornalismo acadêmico, lançada em setembro de 2023. Seu objetivo é democratizar o acesso ao conhecimento científico, publicando artigos escritos por pesquisadores e especialistas sobre temas atuais, como meio ambiente, saúde, política e educação. Os textos são revisados por uma equipe editorial para garantir clareza e rigor acadêmico, sendo disponibilizados gratuitamente sob licença Creative Commons, permitindo ampla reprodução e compartilhamento.

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Tatá da Horta: raízes ancestrais que florescem no presente

Pará

Tatá da Horta, como é carinhosamente conhecida, se chama Taylaine. Aos 28 anos, carrega um legado ancestral profundo, tecido pelos saberes populares e tradicionais que atravessam gerações em sua família. Sua avó era rezadeira, seu avô, erveiro — mestres da cura e do cuidado, guardiões do conhecimento da floresta. Com eles, Tatá aprendeu desde cedo a respeitar a natureza e a buscar na mata a medicina que fortalece o corpo e o espírito.

Criada na favela do Salgueiro, na Zona Norte do Rio de Janeiro, cercada pela grandiosa Floresta da Tijuca, sua infância foi marcada por descobertas e encantamentos. Brincava entre árvores, colhia frutas e, onde encontrava terra fértil, plantava sementes com a esperança silenciosa de ver o mundo florescer. Mais do que simples brincadeiras, essas vivências eram lições de conexão, pertencimento e amor à terra.

Com o tempo, Tatá compreendeu que aquele vínculo com a natureza era mais do que uma herança — era uma missão. Na vida adulta, sentiu que era hora de compartilhar os saberes que havia recebido. O curso de Agroecologia e Segurança Alimentar, realizado no Quilombo Aquilah, na Zona Oeste do Rio, com apoio do Instituto Phi, foi o ponto de virada: ali, pela primeira vez, pôde atuar profissionalmente com aquilo que pulsava dentro dela desde a infância.

Hoje, Tatá dedica sua vida a projetos que transformam a relação entre pessoas e natureza. No projeto Arte, Horta e Cia, desenvolvido no Museu Bispo do Rosário, na Colônia Juliano Moreira, ela cultiva mais do que plantas — cultiva consciência, saúde e ancestralidade. Também integra o Horta Ancestral, no Quilombo Aquilah, uma iniciativa que amplia ainda mais o alcance dos saberes medicinais, resgatando o uso das ervas e promovendo a cura por meio da terra. O Museu Bispo do Rosário também conta com o apoio do Instituto Phi.

Cada vez que suas mãos tocam o solo, Tatá sente uma energia que as palavras não alcançam. Plantar, cuidar, colher: para ela, esse ciclo é uma oração silenciosa, uma forma de semear um futuro mais saudável, justo e esperançoso para sua comunidade.

Por meio de seu trabalho e de sua presença, Tatá da Horta inspira. Mostra que é possível transformar histórias, preservar memórias e criar novos caminhos a partir daquilo que é mais antigo: a sabedoria da natureza. E segue firme na missão de partilhar, com generosidade, tudo o que aprendeu — para que cada vez mais pessoas redescubram a beleza e a força que brotam da terra.

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Mulheres de Fibra: a jornada de Socorro na preservação do artesanato marajoara 

Pará

Às margens do Rio Pirarara, Dona Socorro e cerca de 30 artesãs produzem chapéus, pulseiras, brincos, garrafas, potes encapados, mantos de santos, móbiles, bolas de Natal e guirlandas. Tudo feito com uma técnica ancestral, passada de geração em geração e que hoje movimenta a economia de São Sebastião da Boa Vista, na Ilha de Marajó, Pará. 

Maria do Socorro Gomes Ferreira coordena, há quase 30 anos, o coletivo Arte em Fibra de Jupati. Criado oficialmente em 2015 com apoio do Ministério da Cultura (MinC), o grupo produz artesanato marajoara a partir da extração sustentável da fibra do jupati, retirada da palmeira Jupatizeiro (Raphia taedigera), nativa da região. 

Desde o início, Socorro sempre acreditou no potencial do coletivo, apesar das dificuldades enfrentadas: falta de investimentos, ausência de infraestrutura e, mais recentemente, os desafios trazidos pela pandemia, que afetaram profundamente as artesãs e suas famílias. 

O município, cercado por uma beleza natural exuberante e uma cultura rica, tem uma população vulnerável, com um IDH de 0,558 (IBGE). Muitas mulheres vivem em situação de carência e até violência doméstica. O trabalho artesanal gera renda e fortalece laços entre gerações. 

“Hoje temos cerca de 30 artesãs, muitas formadas em oficinas que nós mesmas realizamos. Nossa missão é preservar a cultura ancestral e gerar renda para mulheres ribeirinhas, tanto com a venda do artesanato tradicional quanto com novos produtos desenvolvidos em parceria com designers e organizações como o Sebrae-PA”, explica Socorro. 

Em 2019, quando o coletivo enfrentava um período de estagnação, a comunicadora Luciane Fiúza começou a divulgar os produtos do grupo, e as encomendas voltaram a crescer. Durante a pandemia, um pedido de 1.600 pulseiras trouxe novo fôlego. Mas foi no final de 2022, com o Edital 2023/2024 do Futuro Bem Maior, apoiado pelo Instituto Phi, que a realidade do coletivo começou a mudar significativamente. 

A partir de 2024, as artesãs iniciaram a construção do tão sonhado ateliê, com um projeto arquitetônico desenvolvido por um parceiro. Agora, com a aprovação no Edital 2025 do Futuro Bem Maior, elas têm um plano ainda mais ambicioso: adquiriram o terreno ao lado, vão construir um barracão, cercar a área para protegê-la da entrada de animais e planejam comprar um barco para facilitar as compras e deslocamentos. 

“O ateliê é a concretização de um desejo cultivado por anos. Ele não apenas organiza a produção, mas fortalece o coletivo, promove oficinas e atrai a comunidade, turistas e novos consumidores”, conta Socorro. 

Com um espaço adequado para beneficiar a matéria-prima, a expectativa é fortalecer a produção e alcançar mais mulheres artesãs, além de envolver outros trabalhadores da região, como coletores e barqueiros. O ateliê será um verdadeiro centro de cultura e conhecimento, um refúgio de criação para mulheres de fibra — e da fibra. Cercado pelo rio, palmeiras e a beleza marajoara, o espaço promete inspirar novas gerações e manter viva a tradição do artesanato boavistense. 

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