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Projetos Apoiados transformação social

Justiça tardia, mas essencial: a libertação de Antônia Edilene

Rio de Janeiro

Antônia Edilene, auxiliar administrativa de Fortaleza, viveu um pesadelo que durou quase três anos — e que começou com uma dor ainda maior: o abuso sexual sofrido por sua filha em 2012. O agressor, seu então companheiro, cometeu o crime de forma covarde, destruindo a confiança e a paz de uma família. Ao tomar conhecimento do que havia acontecido, Edilene agiu com a coragem de uma mãe: enfrentou o agressor,

foi até o local de trabalho dele, exigiu respostas, rompeu imediatamente o relacionamento e o expulsou de casa, proibindo qualquer novo contato com a filha.

Mesmo diante dessa atitude firme, quase dez anos depois, em 2021, Edilene foi surpreendida com uma condenação por omissão — sem provas concretas, sem depoimentos que a incriminassem. Foi presa injustamente, acusada de não ter feito o suficiente, quando, na verdade, foi a primeira a proteger sua filha.

Enquanto estava atrás das grades, sua filha, agora adulta, nunca desistiu. Procurou apoio na Defensoria Pública do Ceará e no Innocence Project Brasil — organização apoiada pelo Phi que busca reverter erros do judiciário — e juntos buscaram a verdade, reuniram provas e reconstruíram os fatos.

Em junho de 2022, o verdadeiro culpado foi preso no Rio de Janeiro e condenado a 14 anos de prisão. E, finalmente, em agosto de 2024, após dois anos e sete meses de dor e espera, Edilene foi libertada. Um mês depois, sua inocência foi reconhecida por unanimidade pelo Tribunal de Justiça do Ceará. A decisão destacou o trabalho exemplar da Defensoria e o compromisso com a reparação de uma profunda injustiça.

Hoje, Edilene é símbolo de resistência e fé na justiça — mesmo quando ela tarda a chegar.

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Uma nova vida longe da guerra: o recomeço de um jovem refugiado

Rio de Janeiro

Há cinco meses, Habibullah Shariatee, um jovem refugiado afegão de 20 anos, foi contratado para integrar a equipe do renomado Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo. Como assistente administrativo, o jovem, que chegou no Brasil em 2023, desempenha um papel fundamental no seu trabalho, dando suporte à organização, administração de documentos, protocolos e realizando tarefas administrativas gerais.


Sua jornada é um testemunho de sua resiliência. Habibullah veio ao Brasil com sua mãe, dois irmãos e uma irmã. Receberam apoio de organizações como a Estou Refugiado – apoiada pelo Phi, onde viveram num coliving –, além da Missão Paz e do Serviço Pastoral dos Migrantes (SPM). Com dedicação, todos aprenderam o português com fluência e, agora, estão empregados.


Essa conquista é ainda mais significativa porque hoje já moram em um apartamento mantido por eles mesmos, fruto de seu próprio esforço e trabalho, no bairro de Santa Cecília. Há cerca de dois meses, após uma longa espera para emissão de passaporte, o pai de Habibullah finalmente pôde se reunir com a família no Brasil.


“Saímos do Afeganistão em 2023, a vida era muito difícil por causa do Talibã, por causa da guerra e também mulheres não podiam estudar ou trabalhar”, conta Habib, destacando que atualmente sua irmã, mais velha, também trabalha no Albert Einstein, na área de Segurança da Informação.


“Estou gostando muito do Brasil. No meu país, terminei o Ensino Médio, e pretendo continuar a estudar, fazer faculdade. Tenho bons amigos aqui e não me tratam diferente por ser imigrante”.


Sua história não é apenas um relato de superação, mas um poderoso lembrete da importância da diversidade e inclusão no ambiente corporativo. Ao acolher profissionais refugiados, empresas como o Hospital Albert Einstein não apenas ajudam a transformar vidas — elas reafirmam seu compromisso com a responsabilidade social e a construção de um mundo mais justo e humano.

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De egresso do sistema penal à retomada da vida em sociedade: uma nova história, com o apoio da ASAB 

Rio de Janeiro

Taualasse tem 33 anos e chegou à Associação Solidária Amigos de Betânia – ASAB em 2023, encaminhado pela Central Reguladora de Vagas – CRAF Tom Jobim. Sem documentos, analfabeto e recém-egresso do sistema penal, onde esteve por oito anos, ele trazia consigo um passado marcado por grandes desafios — e a esperança de uma segunda chance. 

A ASAB atua com a reinserção na sociedade da população masculina em situação de rua, com apoio 24h nas unidades na Freguesia e Santíssimo. Ao longo do programa, Taualasse passou a compartilhar sua trajetória, os obstáculos que enfrentou e os motivos que o levaram à detenção por envolvimento com o tráfico de drogas. Expressou, desde cedo, o desejo de mudar de vida — especialmente por sua filha de 10 anos, que vive com sua irmã e com quem ele sonha em ser mais presente. 

No início, Taualasse era tímido e reservado. Mas logo manifestou a vontade de aprender a ler e escrever, começando pelo próprio nome, para que pudesse, enfim, assinar seu RG. Foi então inserido nas aulas de reforço escolar, oferecidas semanalmente na instituição por uma professora voluntária. Após três meses, conseguiu escrever seu nome e, com grande entusiasmo, procurou o Serviço Social para mostrar sua conquista. O momento foi celebrado com orgulho por toda a equipe. 

Hoje, Taualasse trabalha com carteira assinada em um restaurante renomado no bairro de Botafogo, onde tem se destacado e recebido reconhecimento da gerência. Está de mudança para um imóvel alugado e planeja trazer sua filha para passarem mais tempo juntos nos fins de semana. 

Essa é uma vitória não só para Taualasse, mas também para toda a equipe da ASAB, que o acompanhou de perto. Juntos, perseveraram na reconstrução de sua cidadania, autoestima e protagonismo. Desde 2017, a ASAB tem projetos apoiados pelo Phi. 

Mas histórias como a de Taualasse ainda enfrentam um dos maiores obstáculos: o preconceito. A marca do sistema penal costuma fechar portas que só o apoio contínuo consegue reabrir. Sem uma nova chance, é quase impossível romper o ciclo da exclusão. A reinserção plena só acontece quando a sociedade escolhe acreditar que ninguém deve ser reduzido ao seu passado. 

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Tatá da Horta: raízes ancestrais que florescem no presente

Pará

Tatá da Horta, como é carinhosamente conhecida, se chama Taylaine. Aos 28 anos, carrega um legado ancestral profundo, tecido pelos saberes populares e tradicionais que atravessam gerações em sua família. Sua avó era rezadeira, seu avô, erveiro — mestres da cura e do cuidado, guardiões do conhecimento da floresta. Com eles, Tatá aprendeu desde cedo a respeitar a natureza e a buscar na mata a medicina que fortalece o corpo e o espírito.

Criada na favela do Salgueiro, na Zona Norte do Rio de Janeiro, cercada pela grandiosa Floresta da Tijuca, sua infância foi marcada por descobertas e encantamentos. Brincava entre árvores, colhia frutas e, onde encontrava terra fértil, plantava sementes com a esperança silenciosa de ver o mundo florescer. Mais do que simples brincadeiras, essas vivências eram lições de conexão, pertencimento e amor à terra.

Com o tempo, Tatá compreendeu que aquele vínculo com a natureza era mais do que uma herança — era uma missão. Na vida adulta, sentiu que era hora de compartilhar os saberes que havia recebido. O curso de Agroecologia e Segurança Alimentar, realizado no Quilombo Aquilah, na Zona Oeste do Rio, com apoio do Instituto Phi, foi o ponto de virada: ali, pela primeira vez, pôde atuar profissionalmente com aquilo que pulsava dentro dela desde a infância.

Hoje, Tatá dedica sua vida a projetos que transformam a relação entre pessoas e natureza. No projeto Arte, Horta e Cia, desenvolvido no Museu Bispo do Rosário, na Colônia Juliano Moreira, ela cultiva mais do que plantas — cultiva consciência, saúde e ancestralidade. Também integra o Horta Ancestral, no Quilombo Aquilah, uma iniciativa que amplia ainda mais o alcance dos saberes medicinais, resgatando o uso das ervas e promovendo a cura por meio da terra. O Museu Bispo do Rosário também conta com o apoio do Instituto Phi.

Cada vez que suas mãos tocam o solo, Tatá sente uma energia que as palavras não alcançam. Plantar, cuidar, colher: para ela, esse ciclo é uma oração silenciosa, uma forma de semear um futuro mais saudável, justo e esperançoso para sua comunidade.

Por meio de seu trabalho e de sua presença, Tatá da Horta inspira. Mostra que é possível transformar histórias, preservar memórias e criar novos caminhos a partir daquilo que é mais antigo: a sabedoria da natureza. E segue firme na missão de partilhar, com generosidade, tudo o que aprendeu — para que cada vez mais pessoas redescubram a beleza e a força que brotam da terra.

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Mulheres de Fibra: a jornada de Socorro na preservação do artesanato marajoara 

Pará

Às margens do Rio Pirarara, Dona Socorro e cerca de 30 artesãs produzem chapéus, pulseiras, brincos, garrafas, potes encapados, mantos de santos, móbiles, bolas de Natal e guirlandas. Tudo feito com uma técnica ancestral, passada de geração em geração e que hoje movimenta a economia de São Sebastião da Boa Vista, na Ilha de Marajó, Pará. 

Maria do Socorro Gomes Ferreira coordena, há quase 30 anos, o coletivo Arte em Fibra de Jupati. Criado oficialmente em 2015 com apoio do Ministério da Cultura (MinC), o grupo produz artesanato marajoara a partir da extração sustentável da fibra do jupati, retirada da palmeira Jupatizeiro (Raphia taedigera), nativa da região. 

Desde o início, Socorro sempre acreditou no potencial do coletivo, apesar das dificuldades enfrentadas: falta de investimentos, ausência de infraestrutura e, mais recentemente, os desafios trazidos pela pandemia, que afetaram profundamente as artesãs e suas famílias. 

O município, cercado por uma beleza natural exuberante e uma cultura rica, tem uma população vulnerável, com um IDH de 0,558 (IBGE). Muitas mulheres vivem em situação de carência e até violência doméstica. O trabalho artesanal gera renda e fortalece laços entre gerações. 

“Hoje temos cerca de 30 artesãs, muitas formadas em oficinas que nós mesmas realizamos. Nossa missão é preservar a cultura ancestral e gerar renda para mulheres ribeirinhas, tanto com a venda do artesanato tradicional quanto com novos produtos desenvolvidos em parceria com designers e organizações como o Sebrae-PA”, explica Socorro. 

Em 2019, quando o coletivo enfrentava um período de estagnação, a comunicadora Luciane Fiúza começou a divulgar os produtos do grupo, e as encomendas voltaram a crescer. Durante a pandemia, um pedido de 1.600 pulseiras trouxe novo fôlego. Mas foi no final de 2022, com o Edital 2023/2024 do Futuro Bem Maior, apoiado pelo Instituto Phi, que a realidade do coletivo começou a mudar significativamente. 

A partir de 2024, as artesãs iniciaram a construção do tão sonhado ateliê, com um projeto arquitetônico desenvolvido por um parceiro. Agora, com a aprovação no Edital 2025 do Futuro Bem Maior, elas têm um plano ainda mais ambicioso: adquiriram o terreno ao lado, vão construir um barracão, cercar a área para protegê-la da entrada de animais e planejam comprar um barco para facilitar as compras e deslocamentos. 

“O ateliê é a concretização de um desejo cultivado por anos. Ele não apenas organiza a produção, mas fortalece o coletivo, promove oficinas e atrai a comunidade, turistas e novos consumidores”, conta Socorro. 

Com um espaço adequado para beneficiar a matéria-prima, a expectativa é fortalecer a produção e alcançar mais mulheres artesãs, além de envolver outros trabalhadores da região, como coletores e barqueiros. O ateliê será um verdadeiro centro de cultura e conhecimento, um refúgio de criação para mulheres de fibra — e da fibra. Cercado pelo rio, palmeiras e a beleza marajoara, o espaço promete inspirar novas gerações e manter viva a tradição do artesanato boavistense. 

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